Os preceitos científicos para uma alimentação saudável e o papel dos nutrientes são bastante difundidos e reconhecidos como essenciais às demandas nutricionais na gestação.O uso de suplementos durante essa fase pode ser de grande valia, contribuindo para a ingestão mais adequada de nutrientes, como Vitamina D e Ácido Fólico. Uma criança que cresce em um ambiente restrito de nutrientes desvia energia para órgãos vitais (como o cérebro) levando a alterações biológicas e fisiológicas.
Sabe-se que a Vitamina D afeta diversas funções celulares, como o desenvolvimento cerebral, efeitos na diferenciação celular, expressão de fatores neurotrópicos, regulação da citocina, síntese de neurotransmissores, sinalização de cálcio intracelular, atividade antioxidante e expressão de genes/proteinas envolvidas na diferenciação neuronal, estrutural e metabolismo.
Estudos demonstram que a Taurina é um aminoácido essencial para o desenvolvimento fetal, fornecido pela circulação materna através da placenta. Durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, da retina e do tecido muscular, a disponibilidade de taurina é essencial.
O período de gestação demanda maior atividade da glândula da tireóide, a qual, na deficiência de Iodo, pode se tornar insuficiente pra sua função. No caso de hipotireoidismo, pode ocorrer aborto durante o primeiro trimestre da gestação, hipertensão gestacional e má formação fetal.
Já a Colina é importante para modular mitose, diferenciação celular e migração de células progenitoras endoteliais e neurais. Isso por ser um doador de grupo metil, importante para a regulação epigenética, que impacta no desenvolvimento fetal e reduz risco de desenvolvimento de doenças na vida pós-natal.
Especialmente durante a gestação, quando a proliferação e diferenciação de células está muito ativa, status sub-ótimos de Cobre e de Zinco podem levar a sérias consequências, impactando o embrião e o desenvolvimento fetal. A suplementação de Zinco na gestante torna-se fundamental para evitar queda de cabelo, indigestão, constipação intestinal e alteração do humor, que são normalmente causados pelo excesso de suplementação de Ácido Fólico.
O Ácido Fólico é uma vitamina do complexo B importante como doador de metil para a metilação do DNA, e vem sendo bastante estudado por sua importante ação no organismo desde a gestação, já que sua deficiência predispõe o feto ao maior risco de desenvolver diversos tipos de doença e má formação congênita, como o defeito do tubo neural. Vale ressaltar que a ingestão de Ácido Fólico é recomendada cerca de 3 meses antes da gestação. No entanto, deve-se avaliar sua interação com outros nutrientes, pois o excesso de Ácido Fólico, conforme dito anteriormente, pode prejudicar a absorção de Zinco, que também provoca enjôos em gestantes.
Um estudo de 2002 verificou que 50% das mulheres no período gestacional apresentaram aumento da excreção urinária de ácido 3-hidroxiisovalérico (reflexo da deficiência de biotina), que foi revertido pela suplementação de 300 mcg de Biotina por 14 dias.
Alguns estudos foram publicados quanto ao uso de probióticos durante a gestação. Ressalta-se um publicado na revista Lipids, de 2007, onde mostraram que uma dieta rica em Ômega-3 em associação a probióticos aumentou a concentração de PUFAs na placenta. E esse acúmulo possui impacto no desenvolvimento cerebral infantil, alivia desordens inflamatórias e reduz risco de complicações maternas, ressaltando a importância desse ácido graxo nessa fase. Porém, ainda não há dados conclusivos sobre segurança do uso de probióticos durante a gestação, devendo-se preceder, mais uma vez, a individualidade bioquímica.
Outros nutrientes também são importantes para uma ótima saúde gestacional, como Cálcio, Vitaminas antioxidantes (como Vitaminas A e E), Selênio, dentre outros. Por isso, são importantes as discussões sobre o papel de alguns nutrientes nessa fase especial da vida da mulher, e a essencialidade ou não da suplementação pontual de vitaminas e minerais e a sua possível toxicidade.
RESSALTAMOS O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA ELABORAÇÃO DE UMA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL PERSONALIZADA, LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO TODOS OS ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA ELABORAÇÃO DE UMA DIETA E DE UMA SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL SEGURA (COM QUANTIDADES DE NUTRIENTES AJUSTADAS PARA CADA CASO, BASEADO NA INDIVIDUALIDADE BIOQUÍMICA, ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL, AVALIAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS, INTERAÇÕES ENTRE NUTRIENTES E DROGAS, ETC).
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Depressão e Ansiedade
A ansiedade é caracterizada por um estado de medo anormal, excessivo, com respostas exacerbadas. Ocorre de maneira antecipatória e sem causa aparente, diferente da resposta ao medo normal a estímulos ameaçadores (alerta, despertar, reflexos autonômicos, etc.). Trata-se de uma doença que promove prejuízo na vida social e profissional. Os estados depressivos constituem, pela sua alta prevalência, grave problema de saúde publica. É o mais comum dos distúrbios afetivos e pode variar de uma afecção muito leve, beirando a normalidade, à depressão grave (psicótica), acompanhada por alucinações e delírios. Apesar dos estados depressivos serem caracterizados principalmente pelos sintomas de tristeza e vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos relatam a perda de capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. Com bastante frequência, soma-se a esses sintomas, a fadiga ou a perda de energia, caracterizadas pelo cansaço excessivo. Dos micronutrientes que também participam da síntese de serotonina, destacam-se: magnésio, vitamina B12, ácido fólico/vitamina B9, vitamina B1, vitamina B2, zinco, vitamina B6, taurina, vitamina B5 (pantotenato de cálcio e vitamina D.
Quantidade de ingestão proteica
O principal componente do tecido muscular é a água (cerca de 70%). Os 30% restantes são compostos por glicogênio, lipídeos, fosfatos, creatina, etc. Portanto, aumentar a ingestão proteica com base no argumento que proteínas/aminoácidos são os principais componentes do músculo esquelético é infundado. O nível ou estado de treinamento do indivíduo é outro argumento bem utilizado para justificar a ingestão aumentada de proteínas. Ou seja, quanto mais treinado o indivíduo, maior a necessidade de consumo. Entretanto, Lemon et al.4 demonstrou em bodybuilders ganhos equivalentes de massa e força muscular após a ingestão de 2,62 ou 1,35 g de proteína/kg de peso corporal/dia. Assim, a quantidade de proteínas a ser ingerida no período de 24 horas não é um fator determinante uma vez que o padrão dietético da população brasileira é hiperproteico. Ainda, há mais de 100 anos atrás, Chittenden demonstrou que ganhos de massa muscular podem ser obtidos com o consumo habitual de 1 g de proteína/kg de peso corporal/dia.
Estudos mais recentes mostram que a ingestão de 1,2 g de proteína/kg de peso corporal/dia é suficiente para promover ganho de massa muscular. Portanto, os fatores que compõe a quantidade total de proteína a ser ingerida dentro do período de 24 horas são mais representativos sobre as adaptações induzidas pelo treinamento do que a quantidade diária propriamente dita.
Referências bibliográficas
1. Smith AG, Muscat GE. Skeletal muscle and nuclear hormone receptors: implications for
cardiovascular and metabolic disease. The international journal of biochemistry & cell biology. 2005;37(10):2047-63. Epub 2005/06/01.
2. Chittenden RH. The Nutrition of Man. London: Heinamann.; 1907.
3. Moore DR, Del Bel NC, Nizi KI, Hartman JW, Tang JE, Armstrong D, et al. Resistance
training reduces fasted- and fed-state leucine turnover and increases dietary nitrogen retention in previously untrained young men. The Journal of nutrition. 2007;137(4):985-91. Epub 2007/03/22.
4. Hartman JW, Moore DR, Phillips SM. Resistance training reduces whole-body protein
turnover and improves net protein retention in untrained young males. Applied physiology,
nutrition, and metabolism = Physiologie appliquee, nutrition et metabolisme. 2006;31(5):557-64. Epub 2006/11/18.