Pular café da manhã não leva a comer mais depois, afirma estudo

cafe da manha

O papel do café da manhã nas dietas de gerenciamento de peso sempre foi questionado e a pesquisa sobre o tema segue em andamento. Um estudo recente sobre ingestão de energia e atividade física mostrou que as adolescentes que pularam o café da manhã consumiram 350 calorias a menos por dia.

Pesquisadores da Universidade de Loughborough analisaram os hábitos alimentares e físicos de 40 adolescentes entre 11 e 15 anos em três dias, avaliando como a omissão do café da manhã afetou sua ingestão diária de energia. Sua primeira descoberta foi que as meninas comiam, em média, 115 calorias (kcal) a mais quando pulavam o café da manhã em comparação com os dias em que ingeriam a refeição matinal padrão fornecida pelos pesquisadores.

Entretanto, ao calcular o valor calórico do café da manhã nos dias que ele era fornecido, com cerca de 470 kcal por refeição, uma surpresa: a ingestão líquida de calorias consumidas durante todo o dia foi de menos 353 kcal nas datas em as jovens pulavam a primeira refeição do dia.

Segundo o Dr. Keith Tolfrey, coautor do trabalho “Effect of breakfast omission and consumption on energy intake and physical activity in adolescent girls” (em tradução livre, “O efeito da omissão do café da manhã, o consumo energético e atividade física em adolescentes”), as pessoas que têm o hábito de consumir o café da manhã têm menos probabilidades de sobrepeso ou obesidade, mas a sua pesquisa mostrou que o café da manhã aumentou a ingestão total de energia nas meninas no curto prazo.

Café da manhã: refeição mais importante do dia?

O estudo mostrou que a ligação entre o café da manhã e a manutenção do peso ainda requer trabalho adicional. De acordo com Tolfrey, há uma crença comum de que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. No entanto, cerca de um terço das crianças e adolescentes em muitos países não consome a refeição regularmente.

“Há muitos relatórios que mostram que a omissão do café da manhã está associada à obesidade, o que pode ter levado a premissas prematuras de que aquela refeição pode ser usada como uma intervenção para controle de peso. Mas não sabemos por que o café da manhã está associado a uma menor probabilidade de sobrepeso ou obesidade, ou se ele pode ser usado efetivamente como uma estratégia de controle de peso”, detalha o médico.

O café da manhã na pesquisa e na mesa dos adolescentes

De acordo com a autora principal da pesquisa – uma parceria firmada entre Loughborough e a Universidade de Bedfordshire, publicada no British Journal of Nutrition – Julia Zakrzewski-Fruer, da Universidade de Bedfordshire, suas descobertas apoiam um pequeno número de estudos experimentais que analisaram um dia de omissão do café da manhã. Tais análises descobriram que ao pular a refeição foi encontrada uma associação ao menor consumo de energia.

Com os resultados da pesquisa encabeçada por Julia Zakrzewski-Fruer, questiona-se por que os jovens que ingerem café da manhã regularmente têm menos probabilidades de sobrepeso ou obesidade. Isso significa que a busca por respostas desencadeou novas pesquisas sobre a importância do café da manhã na manutenção e perda de peso, incentivando o intercâmbio científico entre pesquisadores e médicos.

“Vale a pena notar que, devido à base de evidências limitadas, não podemos dizer definitivamente como o café da manhã está ligado ao status de peso e à saúde, então pesquisas futuras ajudarão a determinar se o consumo diário de café da manhã pode ser usado como uma intervenção para reduzir o risco futuro de doença em jovens”, finaliza a Dra. Zakrzewski-Fruer.

Fonte: https://medicalxpress.com/news/2017-10-breakfast-overeating-day.html

AÇAÍ – Antioxidante com propriedades prebióticas

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Além do aumento das temperaturas, a chegada do verão também impulsiona o crescimento das vendas do famoso açaí na tigela, smoothie da fruta amazônica com outras frutas ou combinações diversas. Selecionando os ingredientes que o compõem, é possível obter do açaí certos benefícios protetores que justificam seu rótulo de “superalimento”.

Dois novos estudos publicados apontam alguns dos benefícios já pesquisados do açaí, mas abrangendo agora um pouco mais o entendimento do potencial efeito prebiótico do fruto, bem como de seus flavonoides –as antocianinas, nesse caso. Pigmentos de cor azul escura encontrados em certas frutas como açaí, uva e mirtilo, os flavonoides atuam como antioxidantes e são relacionados a reduções no risco de condições como o câncer e doenças cardiovasculares.

Já os prebióticos são componentes dos alimentos que não são digeríveis e que estimulam ou alimentam seletivamente o crescimento e atividade de bactérias benéficas de todo o trato gastrointestina, fundamentais para a saúde geral.

Benefícios das antocianinas do açaí versus saúde intestinal

Realizado por pesquisadores brasileiros do departamento de biociência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o primeiro estudo abordou mais especificamente a biodisponibilidade das antocianinas.1 Os pesquisadores executaram uma revisão sistemática da literatura científica e encontraram a informação de que a microbiota intestinal é crucial para a biodisponibilidade das antocianinas.

Isto significa que, para que os compostos saudáveis sejam bem absorvidos ou disponíveis para o seu uso ou armazenamento pelo organismo, precisamos cuidar da microbiota (comunidades de bactérias) que habita o nosso trato gastrointestinal. Ou seja: para obter os benefícios das antocianinas, é necessário que a microbiota intestinal do organismo esteja em dia.

Além disso, o estudo, que foi publicado no Journal of Food Composition and Analysis, ressalta também a importância de alimentos fermentados (pró-bactérias saudáveis) e adiciona mais um benefício que as bactérias do trato gastrointestinal nos proporcionam: um melhor reaproveitamento das antocianinas pelo nosso organismo.

Açaí anti-idade e anticâncer: as antocianinas como prebióticos

Já o segundo estudo, realizado por cientistas da Universidade de Reading e Universidade de Roehampton, ambas no Reino Unido, aponta que a riqueza do conteúdo de antocianina do açaí pode reduzir doenças relacionadas à idade e combater um ambiente possivelmente pró-câncer por oferecer proteção ao material genético ou DNA.2

Em um modelo simulado do trato gastrointestinal, os cientistas do estudo preliminar publicado em Food Chemistry descobriram que uma porcentagem significante desses polifenois (antocianinas) sobrevive bem ao processo de digestão, chegando intacta no cólon e podendo assim exercer seus efeitos antigenotóxicos.

Adicionalmente, esses compostos estimulam o crescimento e atividades de uma microbiota benéfica, como as bactérias Bifidobacterium e Lactobacillus, acima de grupos não tão desejáveis como as Clostridium histolyticum – beneficiando o cólon com suas propriedades prebióticas.

Estudos randomizados e controlados (in vivo) são aguardados para uma melhor compreensão sobre os mecanismos de frutas ricas em antocianinas, como o açaí, e seus consequentes benefícios para a saúde. No entanto, tomados em conjunto, os achados dos estudos aqui resumidos possivelmente se encontram na interação das antocianinas com a microbiota.

Indo mais além, é possível concluir ainda que, entre as potentes antocianinas do açaí e as fundamentais comunidades que residem no trato gastrointestinal, parece existir uma interdependência para a otimização do trabalho de cada um. Assim como os adicionais do smoothie do açaí, que o tornam ainda mais delicioso, seus benefícios provavelmente estão interligados entre si, aumentando a qualidade de vida de quem o consome.

https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2017.04.164

1- Braga ARC, et al. Bioavailability of anthocyanins: Gaps in knowledge, challenges and future research. Journal of Food Composition and Analysis, 2017. Doi:10.1016 / j.jfca.2017.07.031

2- Alqurashia RM, et al. In vitro approaches to assess the effects of açai (Euterpe oleracea) digestion on polyphenol availability and the subsequent impact on the faecal microbiota. Food Chemistry, 2017. Doi:10.1016/j.foodchem.2017.04.164