Indicações terapêuticas da suplementação de Vitamina C

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Estudos tem mostrado que manter os níveis adequados de vitamina C no corpo, com valores séricos entre 10 a 100 mmol/L, preferencialmente maior que 28 mmol/L, está associado a melhor regulação epigenética de diversas enzimas metabólicas, reduzindo por exemplo, o risco de câncer, reduzindo atrofia muscular, promovendo menor risco de diabetes, e por seu alto poder antioxidante, gera melhora na capacidade cognitiva e evita a neurodegeneração associada ao envelhecimento (ação anti-aging)1,2,3,4,5. Além disso, atualmente é possível observar carência de vitamina C na população, em especial em pacientes acometidos por patologias durante sua fase aguda, seja por redução na ingestão e/ou utilização da vitamina C nos processos metabólicos envolvidos na patogênese6. Neste aspecto, se faz importante o desenvolvimento de formas alternativas de suplementação de vitamina C que possam ajudar a manter os níveis adequados e garantir o maior número de efeitos metabólicos na prevenção e tratamento das doenças.

Podemos destacar o efeito sinérgico da associação de diferentes formas de vitamina C na suplementação. Em especial, a vitamina C na forma de palmitato de ascorbila, traz a opção da vitamina na forma lipossolúvel, com capacidade de evitar o estresse oxidativo em regiões de membrana celular, que são formados por ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios, e que precisam de antioxidantes também lipossolúveis capazes de permear as membranas com mais facilidade. Além disso, a tecnologia inovadora de nanoemulsão, onde o palmitato de ascorbila é capaz de aumentar a biodisponibilidade de outros ativos, como por exemplo em teste realizado com astaxantina, exatamente pela facilidade de permear pelas membranas celulares, evitando sua oxidação, portanto bloqueando o envelhecimento acelerado e perda de função daquele tecido ou órgão, além de aumentar a absorção de outros nutrientes e/ou compostos bioativos7.

Algumas ações já comprovadas em literatura científica das diferentes formas de vitamina C, podem ser destacadas:

Palmitato de ascorbila

  • Aumenta eficácia do paclitaxel, medicamento utilizado no tratamento do câncer, em especial, de câncer de mama8.
  • Reduz em 82% a transaminação dos peptídios da gliadina pela transglutaminase 2 intestinal, ou seja, age como detoxificante do glúten reduzindo a sua imunogenicidade (menos alergênicos, menos reativos para pacientes sensíveis ao glúten não celíacos)9.
  • Funciona como veículo para aumentar absorção de nutrientes provenientes da alimentação, suplementação ou mesmo medicamentos10,11.
  • Em associação com ácido ascórbico tem efeito sinérgico para proteção cardiovascular, reduzindo os efeitos colaterais dos bloqueadores dos canais de sódio, cálcio e potássio, aumentando a formação de matriz extracelular, sintetizando colágeno e melhorando a fraqueza da parede arterial induzida por estes medicamentos12.
  • Uso de Palmitato de ascorbila foi recentemente associado positivamente com diversos parâmetros de longevidade, qualidade e expectativa de vida13.

Ácido ascórbico

  • Pesquisas recentes indicam que a vitamina C pode exercer ação antiiflamatória em macrófagos presentes na micróglia no SNC, reduzindo a síntese das citocinas pró-inflamatórias TNF, IL-6, e IL-1, exercendo atividade neuroprotetora14;
  • Doses de até 2,0g exercem efeito antialérgico pois tem capacidade de reduzir em até 38% os níveis de histamina em humanos15;
  • Suplementação de vitamina C em dose média de 1,0g/dia (podendo chegar até 6g/dia) é eficaz em reduzir o estresse oxidativo muscular, melhorando o metabolismo da insulina em pacientes diabéticos tipo 216;
  • Pacientes idosos hospitalizados com infecções respiratórias agudas tem recuperação acelerada com a suplementação de vitamina C comparados àqueles que não estão recebendo a vitamina17;
  • Vitamina C reduz o estresse oxidativo induzido por micropartículas, toxinas e poluentes ambientais, que aumentam as doenças respiratórias em crianças e idosos que são normalmente deficientes em vitamina C18,19,20;
  • Suplementação de até 1,6g/dia reduz em até 36% a duração da internação em pacientes com pneumonia21;
  • Suplementação de 1,0g de vitamina C melhora viscosidade sanguínea e a funcionalidade dos eritrócitos, exercendo ação cardioprotetora22;
  • Suplementação de 1,0g de vitamina C inibe a formação de derivados nitrosativos a partir do nitrato presente no suco de beterraba, reduzindo o risco de formação de substâncias potencialmente carcinogênicas23;
  • Estudo em animal mostra que suplementação de vitamina C ajuda no efeito de medicamento antineoplásico, reduzindo inclusive os efeitos colaterais deste, em Ca de mama triplo negativo. Em humanos, dose de 1,0g/dia por 4 semanas reduz marcadores inflamatórios em pacientes com adenocarcinoma de esôfago24,25;
  • Em pacientes críticos, doses de 3,0g a 10g/dia ajudam a diminuir o tempo dos pacientes em ventilação mecânica, acelerando a recuperação e reduzindo a mortalidade26
  • Uso do ácido ascórbico reverte degeneração de tendões provocado pelo uso da nicotina, importante para pacientes fumantes27;
  • Suplementação de 2,0g de vitamina C de forma aguda (4 dias no total, sendo 3 dias antes e no dia da competição) associado a vitamina E reduziram marcadores de dano inflamatório e favoreceram recuperação muscular em atletas de elite de taekwondo28;

Ascorbato de sódio

  • O uso associado de Palmitato de ascorbila e ascorbato de sódio reduzem a formação de sebo na pele, promovendo menor oleosidade, com potencial efeito para redução de acnes29;
  • Além de muito utilizado na cosmetologia como fotoprotetor, é também utilizado na odontologia, para proteção da dentina e outras aplicações por seu alto poder antioxidante30;
  • O ascorbato já se mostrou efetivo em induzir células de Ca de mama à apoptose31;
  • Estudo demonstrou que ascorbato pode ser usado na terapia do paciente com câncer de pâncreas, por bloquear a produção de ATP nestas células tumorais32;

Desta forma, pode-se destacar que a suplementação de vitamina C de 1,0g a 2,0g em média por dia, podendo chegar a doses de até 10g/dia, e a oferta de diferentes formas de vitamina C tem diversas aplicabilidades, sendo associada a prevenção e tratamento de diversas patologias, como ferramenta importante para a longevidade e qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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4 – Takisawa S, Funakoshi T, Yatsu T et al. Vitamin C deficiency causes muscle atrophy and a deterioration in physical performance. Sci Rep. 2019 Mar 20;9(1):4702.

5 – Moretti M, Fraga DB, Rodrigues ALS. Preventive and therapeutic potential of ascorbic acid in neurodegenerative diseases. CNS Neurosci Ther. 2017 Dec;23(12):921-929.

6 – Avelino DD, Maltos AL, Portari GV et al. Vitamin C Status in Hospitalized Adults According to Subjective Global Assessment Method. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2018 Oct 22. doi: 10.1002/jpen.1460. [Epub ahead of print]

7 – Fratter A et al. Sublingual Delivery of Astaxanthin through a Novel Ascorbyl Palmitate-Based Nanoemulsion: Preliminary Data. Mar Drugs. 2019 Aug 29;17(9).

8 – Sanjun Shi, Likai Yang, Qiu’e Yao. Ascorbic Palmitate as a Bifunctional Drug and Nanocarrier of Paclitaxel for Synergistic Anti-Tumor Therapy. Journal of Biomedical Nanotechnology, Vol. 14, 1601–1612, 2018.

9 – Engstrom N, Saenz-Méndez P, Scheers J et al. Towards Celiac-safe foods: Decreasing the affinity of transglutaminase 2 for gliadin by addition of ascorbyl palmitate and ZnCl2 as detoxifiers. Sci Rep. 2017 Mar 6;7(1):77.

10 – Fratter A, Mason V, Pellizzato M et al. Lipomatrix: A Novel Ascorbyl Palmitate-Based Lipid Matrix to Enhancing Enteric Absorption of Serenoa Repens Oil. Int J Mol Sci. 2019 Feb 4;20(3).

11 – Zhai J, Mantaj J, Vllasaliu D et al. Ascorbyl Palmitate Hydrogel for Local, Intestinal Delivery of Macromolecules. Pharmaceutics. 2018 Oct 15;10(4).

12 – Ivanov V, Ivanova S, Kalinovsky T et al. Inhibition of collagen synthesis by select calcium and sodium channel blockers can be mitigated by ascorbic acid and ascorbyl palmitate. Am J Cardiovasc Dis. 2016 May 18;6(2):26-35.

13 – Tyshkovskiy A et al. Identification and Application of Gene Expression Signatures Associated with Lifespan Extension. Cell Metab. 2019 Sep 3;30(3):573-593.e8.

14 – Portugal, C.C.; Socodato, R.; Canedo, T.; et al. Caveolin-1-mediated internalization of the vitamin C transporter SVCT2 in microglia triggers an inflammatory phenotype. Sci. Signal. 2017, 10.

15 – Johnston, C.S.; Martin, L.J.; Cai, X. Antihistamine effect of supplemental ascorbic acid and neutrophil chemotaxis. J. Am. Coll. Nutr. 1992, 11, 172–176.

16 – Ashor, A.W.; Werner, A.D.; Lara, J.; et al. Effects of vitamin C supplementation on glycaemic control: A systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Eur. J. Clin. Nutr. 2017.

17 – Hunt, C.; Chakravorty, N.; Annan, G. The clinical and biochemical effects of vitamin C supplementation in short-stay hospitalized geriatric patients. Int. J. Vitam. Nutr. Res. 1984, 54, 65–74.

18 – Haryanto, B.; Suksmasari, T.; Wintergerst, E.; et al. Multivitamin supplementation supports immune function and ameliorates conditions triggered by reduced air quality. Vitam. Miner. 2015, 4, 1–15.

19 – Romieu, I.; Castro-Giner, F.; Kunzli, N.; Sunyer, J. Air pollution, oxidative stress and dietary supplementation: A review. Eur. Respir. J. 2008, 31, 179–196.

20 – Kelly, F.; Dunster, C.; Mudway, I. Air pollution and the elderly: Oxidant/antioxidant issues worth consideration. Eur. Respir. J. 2003, 21, 70s–75s.

21 – Mochalkin, N. Ascorbic acid in the complex therapy of acute pneumonia. Voen. Med. Zhurnal 1970, 9, 17–21.

22 – Radosinska J, Jasenovec T, Puzserova A et al. Promotion of whole blood rheology after vitamin C supplementation: Focus on red blood cells. Can J Physiol Pharmacol. 2019 Apr 13. doi: 10.1139/cjpp-2018-0735. [Epub ahead of print]

23 – Berends JE, van den Berg LMM, Guggeis MA. Consumption of Nitrate-Rich Beetroot Juice with or without Vitamin C Supplementation Increases the Excretion of Urinary Nitrate, Nitrite, and N-nitroso Compounds in Humans. Int J Mol Sci. 2019 May 8;20(9).

24 – Mustafi S, Camarena V, Qureshi R, et al. Vitamin C supplementation expands the therapeutic window of BETi for triple negative breast cancer. EBioMedicine. 2019 Apr 8. pii: S2352-3964(19)30240-3. doi: 10.1016/j.ebiom.2019.04.006. [Epub ahead of print]

25 – Abdel-Latif MMM, Babar M, Kelleher D et al. A pilot study of the impact of Vitamin C supplementation with neoadjuvant chemoradiation on regulators of inflammation and carcinogenesis in esophageal cancer patients. J Cancer Res Ther. 2019 Jan-Mar;15(1):185-191.

26 – Wang Y, Lin H, Lin BW et al. Effects of different ascorbic acid doses on the mortality of critically ill patients: a meta-analysis. Ann Intensive Care. 2019 May 20;9(1):58.

27 – Shi Z et al. Ascorbic acid mitigates the deleterious effects of nicotine on tendon stem cells. Connect Tissue Res. 2019 Sep 5:1-11. doi:10.1080/03008207.2019.1663349. [Epub ahead of print]

28 – Chou CC et al. Short-Term High-Dose Vitamin C and E Supplementation Attenuates Muscle Damage and Inflammatory Responses to Repeated Taekwondo Competitions: A Randomized Placebo-Controlled Trial. Int J Med Sci. 2018 Jul 30;15(11):1217-1226.

29 – Khan H, Akhtar N, Ali A et al. Assessment of Combined Ascorbyl Palmitate (AP) and Sodium Ascorbyl Phosphate (SAP) on Facial Skin Sebum Control in Female Healthy Volunteers. Drug Res (Stuttg). 2017 Jan;67(1):52-58.

30 – Jung KH, Seon EM, Choi AN. Time of Application of Sodium Ascorbate on Bonding to Bleached Dentin. Scanning. 2017 Aug 13;2017:6074253.

31 – Hong SW et al. Ascorbate (vitamin C) induces cell death through the apoptosis-inducing factor in human breast cancer cells. Oncol Rep. 2007 Oct;18(4):811-5.

32 – Du J et al. Mechanisms of ascorbate-induced cytotoxicity in pancreatic cancer. Clin Cancer Res. 2010 Jan 15;16(2):509-20.

Vitafor Science News

FONTES DE PROTEÍNA EM UMA DIETA PLANT-BASED

Estamos comendo menos carne. Isso é o que nos mostram os números do Ibope, apontando que cerca de 28% da população brasileira está mudando seus hábitos alimentares e restringindo o consumo de carne no seu cardápio.

No Brasil, já são 30 milhões de pessoas adotando uma dieta vegetariana e um número significativo destes, já se diz vegano. Para suprir as necessidades de proteínas do organismo, as maiores fontes vegetais são as leguminosas, oleaginosas, grãos, cereais e sementes.

O perfil de aminoácidos de determinadas fontes vegetais apresenta grande similaridade e equivalência às fontes de origem animal e pode se tornar ainda mais completo quando há a combinação entre diferentes fontes vegetais.

Além de fornecerem os macronutrientes (proteínas, gorduras, fibras e carboidratos) que correspondem a base da alimentação humana, as plantas contêm ainda vitaminas, minerais, enzimas e inúmeros compostos bioativos.

ENTRE AS LEGUMINOSAS, A ERVILHA SE DESTACA POR APRESENTAR

  1. Rico perfil de aminoácidos essencial
  2. Boa digestibilidade
  3. Além de ser uma fonte sustentável, já que o cultivo devolve nitrogênio para o solo
  4. Promove maior efeito sacietogênico.

A ERVILHA CONTÉM:

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Alta concentração proteica (em torno de 84%)
Baixas quantidades de gordura
Presença mais pronunciada de nutrientes importantes aos veganos e vegetarianos, como minerais e os aminoácidos:
L-GLICINA
L-PROLINA
L-ALANINA
Representam importante papel na adequada nutrição vegana já que participam da formação de colágeno
L-FENILALANINA
Participa da formação de neurotransmissores cerebrais importantes no humor como a dopamina, epinefrina e norepinefrina.
L-ARGININA
Aminoácido essencial na síntese de óxido nítrico – substância que promove uma função endotelial saudável através da dilatação e relaxamento dos vasos sanguíneos.
Aminoácidos precursores da creatina – importante substrato do metabolismo energético.
Veganos e vegetarianos podem apresentar carência de creatina, já que sua principal fonte alimentar é a carne vermelha.
L-FENILALANINA
L-ARGININA
Promovem o aumento da saciedade
ENTRE AS OLEAGINOSAS, DESTACA-SE A AMÊNDOA. ELA FORNECE UMA COMBINAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES
oleaginosas

Tal combinação, além de fornecer proteína, proporciona melhora do perfil lipídico, auxiliando na função cardiovascular. Este benefício é alcançado através da pronunciada quantidade do aminoácido l-arginina. Ela pode aumentar o controle glicêmico e a saciedade, tornando-se uma boa alternativa também para diabéticos e pessoas com restrição no consumo de calorias.

Pesquisas também apontam que o consumo de amêndoas pode estar ligado à redução do colesterol LDL. Isso porque alguns nutrientes presentes nas amêndoas regulam as enzimas envolvidas na produção de ácidos biliares. Assim, foi registrada diminuição da absorção e aumento da eliminação de colesterol.

Outros estudos indicam que o extrato metanólico de amêndoas possuem atividades antioxidantes, enquanto o extrato fenólico pode ser útil na prevenção ou desaceleração dos processos de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo.

DEMAIS BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS DA AMÊNDOA

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OUTRAS FONTES DE PROTEÍNA VEGETAL

Historicamente, o arroz e a soja ganharam reconhecimento como fontes de proteína vegetal. Porém, elas podem apresentar riscos. No caso do arroz, o risco potencial está no acúmulo do metal pesado Arsênio (AS) na água utilizada para imersão do cultivo. Já a soja pode ter sido gerada por sementes modificadas geneticamente, alterando a sua composição nutricional. Estudos mostram que pode haver diminuição da presença dos fitoestrógenos genisteína e daidzeína, que atuam na prevenção de doenças.

CONCLUINDO

O movimento de pessoas que estão abrindo mão do consumo de carne é global. Seja por ideologia ou estilo de vida, cada vez mais aumenta o número daqueles que se declararam veganos. Este é um comportamento tão dinâmico que fica difícil até acompanhar e mensurar o crescimento desse público.

Segundo o Google, em quatro anos, houve um crescimento de 1.000% na procura pelo termo “vegano”. Estima-se, que nos EUA, cerca de 50% dos vegetarianos se declararam veganos. Enquanto no Reino Unido este número chegue a 33%. No Brasil, até 2018, sugeria-se a existência de 7 milhões de veganos.

Diante destes dados e dos fatores de desestímulo ao consumo de carne, é possível imaginar que a tendência deste comportamento, deve continuar em forte alta nos próximos anos.
Cabe a nós, profissionais da saúde e da indústria entendermos melhor nossos clientes e sabermos como nos prepararmos para o futuro.