Alimentos que você deve consumir para ter uma saúde melhor em 2012

1. Kiwi: O domador da pressão

De origem chinesa, o kiwi cruzou terras e mares até ser colocado à prova em um comparativo feito com a população escandinava. Pesquisadores do Hospital Universitário de oslo, na noruega, recrutaram 118 pessoas na faixa dos 55 anos com a pressão arterial levemente alterada e as dividiram em dois grupos: o primeiro comia uma maçã por dia — seguindo aquela velha máxima de que uma unidade diária da fruta é suficiente para manter distância do médico — e o segundo ingeria três kiwis. dois meses depois, avaliaram os voluntários e descobriram que a turma do chinês verdinho exibia uma pressão mais próxima do ideal. essa vantagem parece estar nos seus altos níveis de luteína, uma substância antioxidante que, além de proteger os olhos, reduziria a inflamação nos vasos sanguíneos. “o consumo de kiwi sozinho não vai controlar a hipertensão, mas ele pode ser incluído na dieta como um lanche ou sobremesa”, diz o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.

2. Carne de porco: Mais magra e saudável

Nas últimas décadas, os porcos passaram por uma espécie de dieta e seu teor de gordura caiu. os cuidados com a criação se aperfeiçoaram e hoje é difícil comprar um corte no supermercado correndo o risco de pegar um parasita. nessa onda contra o preconceito, a carne suína mostra que às vezes é uma melhor opção para quem quer manter o peso ou as taxas de colesterol adequadas. Basta lembrar que o lombo, por exemplo, carrega menos gordura que uma picanha bovina. “Cortes suínos magros são ricos em proteína e em vitaminas do complexo B, que zelam pela pele, fígado e sistema nervoso”, contao nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.
Dicas de consumo
Há cortes suínos magros e outros bem gordos. Se deseja manter a linha, prefira a bisteca e o lombo ao pernil e à costela. Assim você leva menos calorias e gordura saturada, aquela que faz mal ao coração, para o prato. E, em vez da fritura, opte pelo preparo no forno.

3. Rúcula: Folha antigastrite

A rúcula é cultuada há séculos pelos povos do mediterrâneo por seus poderes digestivos e até afrodisíacos. Pois em matéria de estômago a hortaliça merece mesmo o crédito. Cientistas da Universidade King Saud, na Arábia Saudita, testaram o extrato do vegetal em ratos e notaram que ele tem um potente efeito contra gastrites e úlceras. Isso sugere, especialmente a quem sofre daquela queimação, que a rúcula ajuda a apagar o problema. Segundo os árabes, a folha trabalha modulando a inflamação no estômago. “Além de vitaminas e minerais, ela tem ômega-3, gordura de atividade anti-inflamatória”, diz o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo. Aproveite a rúcula em saladas de uma a duas vezes ao dia. “Só evite picá-la, porque assim ela perde mais rápido suas propriedades”, orienta Sérgio. A quem bate o pé para o seu gosto forte, que tal degustá-la sobre uma pizza?

4. Acerola: Pequena guardiã de genoma

A acerola é famosa por ser um reduto de vitamina C e outros compostos que fazem a segurança das nossas células. Em laboratório, uma equipe da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, no rio Grande do Sul, decidiu mensurar seus componentes e seu efeito sobre o nosso dna comparando as frutas verde e madura. “Embora a verde tenha mais vitamina C, encontramos mais flavonoides, que também são antioxidantes, na madura”, conta o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo. “Essas substâncias protegem o genoma de alterações causadas pelos radicais livres”, diz. Isso se traduz, em tese, em menor risco de uma série de doenças ligadas ao envelhecimento. Como ninguém come acerola verde, aposte na vermelha especialmente nos sucos — uma forma de driblar a acidez. Também dá para lançar mão da polpa congelada, já que as doses de vitamina C não caem muito.

5. Aveia: Cereal multiprevenção

A aveia foi catalogada como um dos primeiros alimentos funcionais da história, porque, além de dar energia ao organismo, fornece substâncias capazes de evitar doenças. o grande diferencial desse grão é ser carregado de uma fibra solúvel, a betaglucana, que reduz o colesterol ruim, auxilia a controlar a carga de açúcar no sangue e até diminuiria o risco de alguns tumores. Com o objetivo de maximizar esse poder preventivo, estudiosos da Universidade Federal do rio Grande do Sul estão modificando o alimento para elevar a quantidade desse nutriente. “Queremos ampliar o teor de betaglucana de 4,5 para 8%, sem afetar os demais componentes nem alterar seu sabor”,o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo, assim, será possível comer menos aveia no dia a dia para conquistar seus múltiplos benefícios.
Dicas de consumo
Esse cereal é extremamente versátil. Pode ser misturado a frutas, iogurtes e vitaminas, assim como incorporado a receitas de pães, tortas e bolos. Dá para salpicá-lo não apenas sobre doces mas também em saladas e pratos salgados. Está disponível nas formas de farinha, farelo e flocos.

6. Romã: Sorte para os vasos

Algumas famílias cultivam o hábito de saborear sementes de romã na virada do ano para serem abençoadas com sorte e fortuna na nova temporada. essa superstição pode ser levada a sério e adotada ao longo do ano se você quiser dar uma força ao controle da pressão e dos níveis de gordura no sangue. em um estudo israelense com pessoas em tratamento de insuficiência renal, o suco da fruta ajudou a relaxar os vasos e livrá-los de lesões. ao que tudo indica, a romã in natura apresentaria efeito parecido graças a seus antioxidantes. “notamos que ela diminui os triglicérides e aumenta o colesterol bom”, conta o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.

7. Melância: Vai uma fatia para o coração?

Um trabalho da Universidade de Kentucky, nos estados Unidos, revela que a melancia presta um belo serviço à circulação sanguínea. em um experimento com o seu suco administrado a cobaias, os especialistas perceberam que o preparo fez diminuir a massa gorda e a formação de placas nos vasos. “a própria fruta também deve exercer esse desempenho”, diz o o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo, ora, a melancia é rica em citrulina, substância que, dentro do corpo, aciona um mecanismo de relaxamento das artérias. de acordo com o nutricionista, ela se encontra tanto na parte vermelha quanto na branca. “Como a fruta tem bastante açúcar, é melhor consumir entre as refeições para evitar picos glicêmicos”, recomenda.

8. Feijão: Grão de fibra

O último vigitel — enquete telefônica realizada em todo o país pelo Ministério da Saúde — constatou que o brasileiro está comendo cada vez menos feijão. Se você é integrante desse movimento, trate de reconvid-lo à rotina. o grão — e isso vale para todas as variedades — guarda proteína, fibras e minerais como o ferro, que afasta a anemia. “Mesmo quem está de regime pode consumilo, uma vez que ele contribui para a saciedade e ajuda a preservar a massa magra”, aconselha o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.
Dica de consumo
Para aproveitar melhor o feijão, deixe-o de molho por 12 horas, jogue a água fora, lave mais uma vez os grãos e cozinhe-os com água nova. “Isso elimina substâncias que atrapalham a absorção dos nutrientes e ainda ajuda, mais tarde, a reduzir os gases”, diz Sérgio. Há indícios de que botar folhas de louro na hora do cozimento também minimizaria flatulências.

9. Café: Goles que espantam o câncer

O cafezinho não afugenta só aquela preguiça. Bastante investigado nos últimos anos, ele vem demonstrando que defende o coração, afasta a depressão e, agora sim, lá vem notícia: até ajuda a impedir o surgimento de certos tumores. a chancela vem de um estudo da respeitada Universidade Harvard, que averiguou dados de cerca de 67 mil americanas. entre aquelas que bebiam mais de quatro xícaras por dia, observou-se um risco 25% menor de ter um câncer no endométrio, tecido que reveste o útero. Muito café? Pois saiba que as mulheres que tomaram duas xícaras tiveram um risco 7% menor. “a bebida tem um alto poder antioxidante e anti-inflamatório, o que justificaria sua proteção contra alguns tipos de câncer”, afirma a nutricionista Youjin je, uma das autoras do trabalho, que não levou em conta o tipo de café nem o preparo.
Dica de consumo
Procure sempre tomar o café logo depois de pronto — e isso vale tanto para a bebida coada quanto para o expresso. Evite deixá-lo em garrafas térmicas, principalmente se estiver adoçado. Aliás, para tirar proveito dos seus compostos protetores, maneire no açúcar ou adoçante e nunca coloque cremes ou chantilly.

10. Pêssego: Bonito, não só na aparência

Quando a gente pensa em pêssego, vem à cabeça uma fruta linda e suculenta. Só que a realidade nem sempre é a mesma: por vezes deparamos com exemplares mirrados, sem cor, ácidos e que ainda estragam em pouco tempo. a empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária desenvolveu novos cultivares com pêssegos mais vistosos, carnudos e doces, algo que ajuda a driblar de vez as resistências ao alimento. “essas mudanças são ótimas porque estimulam o consumo de uma fruta pouco calórica e repleta de antioxidantes e fibras”, opina o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.

11. Ovo: Da galinha para cuca

Os ovos já foram resgatados do ostracismo na culinária saudável, mas ganham ainda mais reconhecimento com uma descoberta da professora de neurologia Rhoda Au e colegas da Universidade de Boston, nos Estados Unidos. Eles decifraram um elo entre a ingestão de colina, substância encontrada sobretudo na gema, e uma maior proteção do cérebro contra o avançar da idade. “Ela é precursora da acetilcolina, essencial à transmissão dos impulsos nervosos”, explica Rhoda. Sabe-se que portadores de Alzheimer possuem uma menor concentração desse mensageiro químico.
Dica de consumo
Pessoas com diabete ou alto risco cardíaco devem se limitar a três unidades de ovo por semana. Mas mesmo livre de problemas vale evitar o abuso no dia a dia, por causa do colesterol e da gordura. Em vez de fritar, dê preferência ao ovo cozido ou pochê, feito com água. No preparo de ovos mexidos e omeletes, use pouquíssimo óleo.

12. Iogurte: Hóspedes especiais

Não param de sair pesquisas esmiuçando a importância dos probióticos, bactérias benignas presentes em iogurtes e leites fermentados, na prevenção e no controle de males que vão de constipação a obesidade. Nessa linha, cientistas da Universidade de Washington, em solo americano, flagraram em ratos que o consumo de probióticos interfere no aproveitamento de nutrientes no intestino, o que pode ajudar a entender o impacto desses micro-organismos na regulação do corpo e na manutenção do peso. “Isso precisa ser avaliado em seres humanos, mas já sabemos que os probióticos melhoram a nossa flora e a imunidade”, diz o o nutricionista Sérgio Rosa, de São Paulo.
Dica de consumo
Nem todo iogurte tem bactérias probióticas. Por isso, trate de verificar o rótulo dos produtos, que informa se eles pertencem ou não a essa categoria. Para obter seus benefícios, eles devem ser consumidos diariamente.

Potenciais Efeitos Adversos do Consumo de Leite e Derivados

Após a amamentação, nenhum mamífero consome leite (e muito menos de outra espécie). Este padrão também foi seguido, durante 2,4 milhões de anos, pelos vários hominídeos que habitaram a terra. Os primeiros dados do consumo de laticínios datam de 6100 a 5500 anos atrás, sendo o leite considerado um alimento relativamente recente na alimentação do ser humano, o que explica porque é que cerca de 75% da população adulta mundial apresenta hipolactasia após o desmame, o que pode resultar em intolerância à lactose. Esta recente introdução deste grupo de alimentos, os laticínios, provocou alterações na dieta que moldou o genoma humano no paleolítico, o que tem implicações diversas na saúde, que vão além da intolerância à lactose. Os laticínios, apesar de possuírem um índice Glicêmico (IG) baixo aumentam muito a liberação da insulina pelo pâncreas, o que pode causar resistência à insulina, que está relacionada à origem de várias patologias, como a síndrome metabólica. Além disso, há estudos epidemiológicos e experimentais que associam o consumo desse grupo de alimentos com alguns tipos de cânceres (de ovário, testículo e próstata), à doença de Parkison e à Doença das Artérias Coronárias. O consumo de leite bovino tem sido associado também à diabetes tipo 1, especialmente quando a exposição a este alimento se dá nos primeiros meses de vida. Outros estudos ainda estabeleceram uma correlação muito forte entre o consumo do leite e a prevalência de esclerose múltipla. A noção de que o leite é essencial para prevenir a osteoporose provém do fato de ser uma das fontes de cálcio mais bem absorvidas e por vários estudos terem mostrado que o consumo do leite aumenta a densidade mineral óssea, no entanto, alguns estudos demonstram o contrário. Uma linha que desmistifica a ligação entre o leite, cálcio e a osteoporose provêm de registros fósseis, que indicam que os hominídeos do Paleolítico, apesar de não beberem leite após a amamentação, apresentavam uma densidade mineral óssea igual ou superior à de atuais adultos saudáveis e ativos. Face ao exposto, é difícil considerar o leite de outra espécie um alimento adequado ao ser humano. Contudo, obviamente que um indivíduo saudável que não sofra nenhuma das patologias associadas ao consumo do leite e que sigam um estilo de vida saudável poderá consumir pequenas quantidades de laticínios fermentados de agricultura biológica, desde que este não produza reações adversas.

Nutrição Clínica Funcional

Ano 8 – Edição nº37 – Junho de 2008

Obesidade: Doença Inflamatória

A obesidade, principalmente a adiposidade visceral, está associada com uma inflamação crônica sistêmica de baixo grau, indicada pelo aumento dos marcadores inflamatórios. Indivíduos obesos apresentam níveis elevados desses marcadores quando comparados com indivíduos magros.

A inflamação sistêmica está relacionada com um aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 na obesidade. Estudos epidemiológicos mostram que a inflamação persistente é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, derrame cerebral, diabetes e outras causas de mortalidade.

Os distúrbios metabólicos associados com a obesidade e a síndrome metabólica podem ser conseqüências da produção de citocinas pelos adipócitos. A inflamação crônica pode representar o gatilho da origem da síndrome metabólica: super-nutrição, inatividade física e o envelhecimento podem promover a hipersecreção de citocinas e eventualmente levar à resistência a insulina e diabetes em indivíduos geneticamente predispostos. O tecido adiposo é um órgão secretório ativo, que produz moléculas inflamatórias e imunes que podem estar envolvidas nas complicações relacionadas com a obesidade.

A perda de peso, alcançada por meio de uma dieta hipocalórica, melhora o perfil inflamatório de indivíduos obesos por meio da diminuição dos fatores pró-inflamatórios e aumento das moléculas anti-inflamatórias.

Considerando-se a ação das substâncias pró-inflamatórias, condições patológicas associadas à inflamação, como as alergias alimentares, podem estar envolvidas na patogênese da obesidade em indivíduos predispostos, já que os imunocomplexos alergênicos IgG e IgM potenciaizam o ambiente inflamatório.

Assim, o controle do processo inflamatório parece ser fundamental para a melhora da qualidade de vida de indivíduos obesos. Nesse contexto a Nutrição Clínica Funcional tem um papel fundamental na prevenção da síndrome metabólica, já que pode agir diretamente nos indicadores inflamatórios encontrados em pacientes obesos, melhorando principalmente os estados inflamatórios associados com as alergias alimentares.

Anuário Nutrição Clínica Funcional

Ano 6 – Edição nº27 – Outubro de 2005

Toxinas ambientais e a influência na saúde humana

Diariamente, entramos em contato com cerca de 60 mil compostos tóxicos, também conhecidos como xenobióticos. Um dos principais objetivos da destoxificação é o aumento da polaridade do xenobiótico, possibilitando que o mesmo seja eliminado do organismo. Existem muitas evidências que nos permitem afirmar que a nutrição influencia de forma determinante em como destoxificamos, sendo a ingestão dietética de frutas e verduras muito importante para esse processo. Um grande número de xenobióticos foi investigado durante muitos anos, e foi evidenciado que alguns pesticidas e produtos químicos industriais possuem comprovada atividade hormonal, sendo então chamados de interferentes endócrinos (IEs) por interferirem na produção, liberação, transporte, metabolismo, ligação ao receptor, ação ou eliminação de todos os hormônios naturais.Evidências recentes sugerem que os IEs podem alterar os mecanismos envolvidos na homeostase do peso corporal, com conseqüente ganho de peso pelo aumento do volume do tecido adiposo. Sendo a obesidade um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 3, um crescente número de estudos tem sugerido que a exposição a baixas concentrações de poluentes inalantes pode estar associado com a propensão da doença, bem como de outras doenças crônicas. A maneira mais segura para a saúde seria a redução do consumo dessas substâncias, reduzindo o consumo de produtos industrializados e dando preferência aos alimentos orgânicos; reciclando e reutilizando materiais cuja decomposição no meio ambiente é lenta e fonte de liberação dos tais poluentes.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Ano 11 – Edição nº 46 – Agosto de 2010

Glúten e Individualidade Bioquímica

O conceito de individualidade bioquímica vem sendo recentemente estudado pela importância do entendimento da grande variedade de distúrbios que afetam a saúde humana. Dentre as características individuais está a possibilidade da presença de reações adversas aos alimentos, como as hipersensibilidades alimentares que se manifestam de forma diferente em cada indivíduo. Um dos alimentos causadores de hipersensibilidade alimentar é o trigo, entre outros alimentos que apresentam glúten, sendo que a restrição do glúten já foi estudada em uma série de distúrbios, dentre eles na doença celíaca, na alergia ao trigo, na “síndrome do glúten”, em distúrbios da tireoide, diabetes tipo 1, nefropatias. As principais reações adversas ao glúten podem causar sintomas como flatulência, dor abdominal, diarreia, fadiga, dor articular, náusea, síndrome da fadiga crônica, asma, deficiência nutricional, estresse, gastrite, esofagite, distúrbios hepáticos, distúrbios da tireoide, das articulações e neurológicos. Portanto, é preciso uma avaliação criteriosa e individual a fim de evitar restrições desnecessárias ou condutas generalistas.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Ano 11 – Edição nº45 – Junho de 2010

Estresse Oxidativo, Contaminação Ambiental e Infertilidade Masculina

A infertilidade é definida como a incapacidade de um indivíduo conceber, ainda que mantendo relações sexuais sem proteção, durante 1-2 anos, e sua prevalência varia de forma significante em diferentes partes do mundo. A infertilidade afeta mais pessoas em países em desenvolvimento devido, primariamente, a doenças infecciosas que danificam o aparelho reprodutor. Mas, nas últimas décadas, a alteração do estilo de vida, com aumento do uso do cigarro, álcool e maior prevalência de obesidade, interferiu na fertilidade dos indivíduos, contribuindo para a redução da qualidade do sêmen, como alteração de motilidade e diminuição na contagem dos espermatozoides. As causas da infertilidade masculina ainda não estão completamente claras, e a maior parte dos estudos tem como amostra homens com infertilidade idiopática. No entanto, a hipótese mais estudada se relaciona com estresse oxidativo, seguida de contaminações ambientais. Nos mamíferos, para que os espermatozoides exerçam sua função fisiológica, é gerada uma variedade de espécies reativas de oxigênio (EROs), as quais, imagina-se, têm função durante a capacitação do esperma, a reação acrossômica e a fusão de oócitos. No entanto, quando a geração de EROs é maior que a capacidade de defesa antioxidante, ocorre o estresse oxidativo. O estresse oxidativo seminal apressa uma grande variedade de patologias, como a oligospermia (baixa concentração de espermatozoide), astenospermia (diminuição da motilidade dos espermatozoides) e teratospermia (alteração na morfologia dos espermatozoides), que podem interferir na função reprodutiva dos espermatozoides. Com base nisso, as principais recomendações nutricionais para o tratamento da infertilidade residem na utilização de substâncias antioxidantes e que atuam sobre a cadeia respiratória mitocondrial, visando diminuir os danos celulares e o DNA e melhorar o metabolismo energético. Nutrientes como Se, Zn, vitamina E, CoQ10, NAC e L-carnitina têm mostrado bons resultados no tratamento de homens com alteração na motilidade, morfologia e concentração de espermatozoides.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Ano 11 – Edição nº45 – Junho de 2010

 

Constipação Crônica

Constipação Intestinal é um problema populacional um tanto difícil para definir, pois é necessário para isso, estabelecer os fatores etiológicos e patogênicos e, em seguida, os padrões fisiológicos dessa desordem. A definição mais aceita desde 1999, é a que define/diagnostica a constipação englobando parâmetros de freqüência evacuatória, consistência das fezes e dificuldade na evacuação. Diversos fatores, como causas nutricionais, medicamentosas, condições relacionadas ao ciclo da vida, fatores psicológicos e comportamentais, ignorar o reflexo de evacuação, entre outros, podem ser caracterizados como fatores responsáveis por esse sintoma, já que não se trata de uma patologia. Podendo ser classificada, a constipação intestinal crônica pode ser separada em constipação de trânsito intestinal normal, constipação com trânsito intestinal lento e desordens defecatórias, excluindo as causas endócrino-metabólicas, neurológicas e medicamentosas.

Para o tratamento deste estado, sugere-se o seguimento do programa terapêutico, chamado Programa dos 4R’s, que envolve 4 etapas básicas: remover, recolocar, reinocular e reparar, etapas estas que têm a finalidade de aliviar os sintomas e restaurar o aumento da permeabilidade intestinal.Estratégias terapêuticas como a Utilização de fibras dietéticas, Uso de prébioticos, probióticos e simbióticos, Destoxificação, Detecção de hipersensibilidade alimentar e eliminação dos alérgenos, Exclusão dos auto-medicamentos (laxantes), e outros tratamentos como hidrocolonterapia, atividade física e massagens abdominais são muito importantes no tratamento individual.

Contudo, houve avanços no entendimento das causas da constipação.Sendo mais importante, o reconhecimento dos diferentes processos fisiopatológicos e de que síndromes clínicas diferentes requerem terapêuticas diferentes.

Anuário Nutrição Clínica Funcional

Ano 7 – Edição nº33 – Abril de 2007

Nutrição Funcional e Câncer: Uma Abordagem Preventiva

A presença do câncer da humanidade é conhecida há milênios. Porém, aumentos constantes nas taxas de câncer começaram a ser observados após o século XIX, com a industrialização. Aproximadamente 35% dos diversos tipos de câncer ocorrem em razão de dietas inadequadas. Outros fatores tais como o tabagismo, a obesidade, a atividade física e a exposição a tipos específicos de vírus, bactérias e parasitas, além do contato freqüente com algumas substâncias carcinogênicas, como produtos de carvão e amianto, também podem ser citados. Vários estudos demonstram a efetividade da prevenção do câncer através da incorporação de hábitos alimentares, assim como agentes alimentares funcionais e fitoquímicos. Para a avaliação dos hábitos alimentares, é necessário realizar um inquérito alimentar habitual do paciente, além da realização de uma abordagem mais complexa do indivíduo abrangendo o seu histórico familiar e de doenças, exposição a agentes carcinogênicos, fatores antropométricos, físicos, emocionais e alimentares/ suplementares. Sendo assim, deve-se corrigir o consumo de alguns nutrientes e adequar a dieta às recomendações nutricionais vigentes. O emprego inadequado de alguns métodos de conservação de alimentos também pode ser considerado um fator de risco, principalmente, para os cânceres de estômago e de esôfago, como conservas, picles e defumados, contento grandes quantidades de nitratos e nitritos, ao serem consumidos rotineiramente. Estudos recentes apresentaram que a suplementação com betacaroteno ou com betacaroteno mais vitamina A foi prejudicial para indivíduos submetidos a alto risco para câncer de pulmão. No entanto, outro estudo mostrou que a suplementação com antioxidantes em baixas doses reduziu significativamente a incidência de câncer e a mortalidade em homens, porém, não em mulheres. Alguns autores concluíram que a relação ômega3/ ômega 6 pode reduzir significantemente a incidência de câncer. Há relatos de que a curcumina possui potente efeito anticarcinogênico. Os benefícios proporcionados das modificações do estilo de vida, incluindo as modificações dietéticas estão amplamente documentados, assim, a adoção de hábitos saudáveis, incluindo a alimentação constitui fator de prevenção contra o desenvolvimento de vários cânceres.

Nutrição Clínica Funcional

Ano 8 – Edição nº37 – Junho de 2008