COMO OS PROBIÓTICOS PODEM CONTRIBUIR PARA A MODULAÇÃO DO DIABETES MELLITUS?

Estimativas globais pontuam que 382 milhões de pessoas apresentam diabetes mellitus e que esse cenário pode chegar a 592 milhões em 2035, representando 12,9% da população mundial. Em 2013, o Brasil ocupava a quarta posição entre os países com maior número de pessoas diabéticas, condição que representa um problema de saúde pública em âmbito nacional.

O mês de novembro é marcado pelas campanhas de conscientização do diabetes. No Brasil, a Campanha do Dia Mundial do Diabetes é organizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), que busca compartilhar e oferecer informações sobre a importância da prevenção e dos cuidados no diagnóstico para melhorar a qualidade de vida do paciente com a doença.

A adoção de medidas de promoção de saúde para controlar os fatores de risco associados ao diabetes é uma forma efetiva de contribuir para a diminuição da incidência da doença e de suas complicações crônicas que comprometem o bem-estar e a qualidade de vida. No Brasil, em 2011, definiu-se um Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), em que o documento prioriza as ações e os investimentos necessários para que o país possa enfrentar o cenário de doenças crônicas na população, especialmente o diabetes. As medidas associadas às mudanças no estilo de vida tornam-se as estratégias primárias para cuidados preventivos e do tratamento. Entre elas, pode-se destacar o equilíbrio nutricional por meio da alimentação com controle do índice e carga glicêmica, alto teor de fibras e baixa em gorduras saturadas, além da suplementação de compostos que melhorem as alterações metabólicas provenientes da doença.

A literatura científica destaca que a suplementação de probióticos pode favorecer o equilíbrio metabólico, principalmente no controle da resistência à insulina, do perfil lipídico, de biomarcadores de inflamação e dano oxidativo. Esses efeitos benéficos podem ser explicados por conta da eliminação de radicais superóxido e hidroxila, diminuição da sinalização inflamatória e diminuição do peso corporal ocasionados pela regulação bacteriana intestinal.

A microbiota intestinal na promoção do equilíbrio glicêmico!

Estudos relatam que a disbiose intestinal exerce influência nas complicações do diabetes, como retinopatia, toxicidade renal e inflamação gerada pelo excesso de metabólitos pró-inflamatórios gerados pelas bactérias patogênicas. Sendo assim, torna-se essencial a adoção de estratégias que modulem essa microbiota, como o uso de probióticos citado anteriormente. Esses são capazes de recuperar a composição bacteriana saudável e regular a função imune e barreira da mucosa do intestino, desse modo, restaurando o equilíbrio e a homeostase metabólica.

Uma revisão sistemática (2016) citou as evidências pontuadas por uma meta-análise de ensaios clínicos com indivíduos que apresentavam diabetes tipo 2 e que consumiram probióticos. Os efeitos observados foram redução na hemoglobina glicada (HbA1c) e nos níveis de glicemia de jejum. Os resultados mais efetivos foram observados em intervenções com duração maior que 8 semanas, com administração de diferentes cepas bacterianas. A terapia nutricional, ainda, pode auxiliar na redução da resistência à insulina e na otimização do metabolismo da glicose.

A composição da microbiota intestinal depende não apenas da suplementação de probióticos, mas também de componentes que são utilizados pelas bactérias para sintetizar metabólitos importantes para o equilíbrio  glicêmico, como os ácidos graxos de cadeia curta. Entre eles, destacam-se as fibras prebióticas (inulina, fruto-oligossacarídeos) capazes de desempenhar um papel fundamental na homeostase da glicose.

Os ácidos graxos de cadeia curta podem diminuir a permeabilidade intestinal e diminuir as endotoxinas circulantes, amenizando a inflamação e o estresse oxidativo, que são condições que desregulam a ação da insulina. Assim, ocorre uma melhora da sensibilidade insulínica via GLUT-4, através da regulação positiva da sinalização da proteína quinase no tecido muscular e hepático.

Fonte: Vitafor