A VERIFICAÇÃO HORMONAL PODE NÃO DEPENDER DA IDADE CRONOLÓGICA

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Muitos ficam surpresos ao descobrir que subs­tâncias que soam familiares são, na verdade, hormônios: a melatonina, envolvida em inúmeros processos fisiológicos, incluindo a sincronização dos ritmos circadianos, a regulação da pressão arte­rial, a função imune; a ocitocina reponsável pelas relações sociais e amorosas, reprodução sexual, parto, aprendizagem e memória.

Bem como a forma ativa da vitamina D, o calcitriol, é um pró-hormônio, ou seja, atua conjuntamente com outros hormônios ou age como um precursor. A surpresa é ainda maior quando se conscientizam das suas muitas funções e benefícios.

Por trás da teoria defendida que a verificação hormo­nal não deve depender de idade cronológica espe­cífica estão alguns médicos especialistas, como o belga Dr. Thierry Hertoghe, autor de numerosos livros e presidente da World Society of Anti-Aging Medicine. Seus argumentos convergem para que até mesmo crianças e adolescentes podem apresentar carências hormonais.

Na mesma linha, o Dr. Michael A. Smith, cientista sênior de saúde da organização de pesquisa sem fins lucrativos Life Extension Foundation, observa que as mulheres deveriam checar seus hormônios – pregnenolona, progesterona, testosterona, estrogê­nio, DHEA, hormônios da tireoide – a partir dos 30 anos de idade, período este que inicia sua redução. Esta redução antecede o envelhecimento cronoló­gico, pois muitos processos do envelhecimento são secundários à carência hormonal.

Sem precisar uma idade específica, desde o início da vida adulta de uma mulher, mudanças ocorrem na forma como os hormônios são produzidos e metabo­lizados. Alguns tecidos se tornam menos sensíveis aos hormônios que os controlam, que, por sua vez, também são quebrados (metabolizados) mais lenta­mente. E dentro da complexidade de seus meca­nismos, muitos dos órgãos que produzem certos hormônios são controlados por outros hormônios. O declínio ou desequilíbrio hormonal ocorre, portanto, à medida que os anos passam, mas também depen­dendo do histórico pessoal.

MUITO ALÉM DA MENOPAUSA

É conhecido que durante a perimenopausa (etapa de transição que antecede a menopausa) e menopausa, a produção de progesterona tende a declinar mais rapidamente em relação ao estrogênio. Este dese­quilíbrio favorece o excesso de estrogênio, tornando a mulher mais suscetível a um aumento de risco de uma série de problemas de saúde. É o processo de dominância estrogênica, que provoca alterações conhecidas a muitas mulheres: irritabilidade, reten­ção de líquidos, aumento no índice de doenças mamárias e períodos menstruais anormais.

Nessa fase, mulheres que optaram pela modulação hormonal apontaram perceber melhoras no humor, memória, sono, cabelo, fogachos, libido, dor de cabeça, retenção de líquidos.

Mesmo quem está longe do período da menopausa pode enfrentar um desequilíbrio nos hormônios. Também é conhecido o risco de deficiência hormonal antes ou durante a gravidez, por exemplo, relacionada aos hormônios da tireoide. Para uma mulher que deseja engravidar, estes hormônios (T3 e T4) têm um papel importante na concepção e, durante a gravidez, eles são indispensáveis na manutenção de uma gestação saudável, no desenvolvimento fetal e neurológico do bebê.

Outro exemplo sólido onde tradicionalmente se faz verificação hormonal pode ocorrer durante a fase de crescimento de uma criança ou adolescente, quando se constata que a velocidade do seu crescimento é inadequada para sua faixa etária. Nesta situação é verificado o nível do hormônio do crescimento (GH). 

Mas, à parte desses exemplos que já seguem protocolos de reposição hormonal para deficiên­cias já instaladas, pode-se usar a suplementação de hormônios na área da prevenção.

A modulação hormonal, dependendo do indivíduo, pode ocorrer em qualquer idade. Uma deficiência do hormônio (e antioxidante) melatonina pode ser cons­tatada em decorrência de condições metabólicas e neurológicas, como o diabetes tipo 2 e resistência geral à insulina, enxaqueca e outras formas de dor severa, como também câncer – todas condições que podem surgir independentemente da idade. Mulheres após os 30 anos, sob momento de estresse, podem sentir que se levantam cansadas – outro sintoma que pode sinalizar que seus níveis de melatonina podem estar alterados.

Já o DHEA e DHEA sulfato, esteroides adrenais (hormônios sexuais) com um nome longo: dehidro­epiandrosterona, possuem mais de 3.700 pesquisas científicas que avaliaram seus efeitos sobre muitas e diferentes células e tecidos do corpo. O multifuncio­nal DHEA atua fundamentalmente na manutenção do equilíbrio do sistema hormonal e vitalidade, modula uma variedade de vias em todo o corpo envolvidas em vários aspectos da saúde e doenças através de ações diretas e independentes como um precursor de androgênios e estrogênios. Ele também regula a inflamação, que é a força propulsora que gera muitas doenças.

Os benefícios da sua presença no organismo são muitos, mas a má notícia é que, exatamente como pode acontecer com outros hormônios durante o avançar da idade, no caso do DHEA, uma pessoa aos 80 anos pode ter seus níveis reduzidos em 80 ou 90%, em comparação a quando era jovem. A boa notícia é que estudos vêm afirmando que uma pequena dose diária para as mulheres que apresentem seu déficit (mulheres jovens com anorexia nervosa, insuficiência adrenal, mulheres mais velhas) resulta em melhora óssea, muscular, cutânea, aumento da libido e bem-estar, por provocar pequeno aumento de testoste­rona, e mesmo efeitos protetores da função vascular, sem apresentar efeitos adversos se usado de forma correta.

Fonte: Essential Nutrition

IMPORTÂNCIA DOS CARBOIDRATOS DE BAIXO ÍNDICE GLICÊMICO DURANTE OS TREINOS

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O fornecimento adequado de energia é um fator crucial, tanto no desempenho físico como mental. E isto é algo que os atletas que treinam intensamente já conhecem muito bem. Para que os músculos possam ter o maior desempenho, eles necessitam de combustível suficiente em forma de carboidratos.

Antes, se pensava que apenas a quantidade de carboidratos era importante. Agora, a atenção está cada vez mais voltada ao tipo de carboidrato, fazendo-se uma distinção entre carboidratos “rápidos e com curta ação” e os mais desejados “lentos e com ação prolongada”.

Carboidratos com um alto IG (índice glicêmico) são facilmente absorvidos e entram na corrente sanguínea com rapidez, elevando o nível de açúcar no sangue de forma repentina. Por outro lado, o declínio tem a mesma rapidez, resultando na queda do nível de açúcar no sangue.

Quando isso acontece, o organismo mobiliza sua própria glicose e rapidamente acessa seus valiosos estoques de glicogênio. Um esgotamento antecipado das reservas de glicogênio pode causar uma fadiga repentina, perda da concentração e do desempenho, devido a uma concentração insuficiente de glicose no sangue.

A Palatinose™, também conhecida como isomaltulose, apresenta propriedades especiais para resolver este problema: como carboidrato de baixo IG, fornece a “energia do carboidrato” em uma base constante e por um período de tempo mais longo. Uma oferta de energia contínua não é importante somente para atletas profissionais, mas para todos aqueles que desejam ter mais energia física e mental por mais tempo.

Palatinose™ e a queima de gordura

Alguns estudos analisaram o potencial da liberação lenta e sustentada de energia de carboidratos a partir da isomaltulose em comparação com outros carboidratos inge­ridos, e encontraram taxas mais elevadas de oxidação de gordura em atividades de resistência com o seu uso, uma vez que esta substância auxilia na preservação de glicogê­nio.

Pesquisadores da Universidade de Frei­burg, na Alemanha, compararam a queima de gordura e carboidratos após o consumo de uma bebida com Palatinose™ e uma bebida de alto IG com maltodextrina, para analisar o efeito de treinamento, induzido por alimentos. Tanto em descanso como durante o exercício foi medida uma maior queima de gordura com a Palatinose™.

De forma geral, a proporção de energia obtida da gordura durante esportes de alto esforço físico foi 25% maior no grupo que ingeriu a Palatinose™, em relação ao grupo que inge­riu maltodextrina. “A gordura queima com a chama dos carboidratos” é uma expressão muito conhecida entre atletas. A Palatinose™ fornece a glicose da melhor forma, nem de mais, porque neste caso o organismo se converte para usar apenas esta fonte de ener­gia, mas sim apenas o suficiente e de forma mais continuada para manter a “chama” quei­mando constantemente as gorduras.

TREINO EM JEJUM PODE SER SAUDÁVEL

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Saiba o que acontece com o corpo quando praticamos atividade física em jejum. Decida se é uma boa para o seu caso.

Muitos comentam que o ator Hugh Jackman praticou jejum intermitente enquanto treinava para ganhar massa muscular e atuar como Wolverine. Isso parece contrariar o senso comum, que diz que devemos ingerir carboidratos antes, para que não falte energia durante a atividade física. Mas afinal, qual é a melhor escolha para o pré-treino? Jejum ou carga de carboidrato? A estratégia ideal vai depender do organismo e do objetivo de cada pessoa. Neste texto você vai ver como o corpo funciona quando é exigido em jejum.

Inicialmente, considere que um estômago vazio provoca uma cascata de mudanças hormonais pelo corpo. E estas alterações são propícias para a construção de massa muscular e a queima de gordura.

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)

Estudo mostrou que, após 24 horas sem comida, o organismo aumenta a produção de GH, na razão 2.000% para homens e 1.300% para mulheres. O efeito é interrompido quando o jejum termina. Isso pode indicar que jejuar regularmente ajuda a manter os amigáveis hormônios musculares em seus níveis mais elevados.

TESTOSTERONA

Isoladamente, o jejum pode não ter qualquer efeito sobre a testosterona. Porém, estudos indicam que o exercício físico em condição de jejum tem efeito positivo sobre a produção deste hormônio. E, além de ajudar a aumentar a massa muscular, a testosterona também atua diretamente na libido e auxilia no combate a depressão e nos problemas cardíacos.

INSULINA

Quando comemos, o corpo libera insulina para ajudar na absorção correta dos nutrientes. O problema é que comer demais pode nos tornar mais resistentes aos efeitos da insulina. E esta resistência pode levar a um quadro de síndrome metabólica, que está ligada ao acúmulo de gordura e ao desenvolvimento de doenças cardíacas e de câncer. Com o jejum eventual, o organismo se “desacostuma” a ter grandes quantidades de insulina na corrente sanguínea, retomando a sensibilidade natural ao hormônio.

TIPOS DE TREINO

A prática de atividades físicas em jejum pode produzir benefícios em diferentes modalidades de esporte. A combinação de jejum com exercícios curtos e de alta intensidade tem se mostrado especialmente importante para a perda de gordura. Estudos indicam o aumento das enzimas oxidantes de gordura como uma das causas.

Já praticantes de exercícios de resistência têm obtido ganhos. A realização ocasional de treinamento em jejum pode melhorar a qualidade dos treinos “alimentados”. Em outras palavras: quando o corpo aprende a exercitar-se sem qualquer comida, ele fica melhor no desempenho quando tem combustível disponível.

Além disso, estudos têm demonstrado que exercícios em jejum podem melhorar significativamente o nível de VO2 Max, que mede a capacidade de uma pessoa para absorver e utilizar oxigênio durante o exercício. Quanto maior este índice, maior a capacidade do corpo de queimar gordura para usar sua energia.

RESUMINDO

As alterações geradas pelo treinamento em jejum ajudam a garantir que os carboidratos, proteínas e gorduras vão para os lugares certos no corpo e, sejam minimamente armazenados como gordura corporal.

PRECAUÇÃO

É preciso, no entanto, citar estudos que mostram perda de desempenho ao se exercitar em jejum. Dito isso, vários desses estudos são realizados durante o Ramadã, que também não permite o consumo de líquidos. E sabemos que isso não é aconselhável quando se pratica atividades esportivas. Mas não é preciso se limitar apenas à água. A ingestão de café, chá puro, termogênicos, aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) e creatina, desde que livres de calorias, não é considerada quebra de jejum. Há também a evidência de que muitas pessoas comem antes do exercício e obtêm bons resultados desta forma.

Isso, porém, não quer desacreditar a evidência de que jejuar antes dos treinos, mesmo ocasionalmente, pode gerar benefícios. O ideal é buscar o ganho de desempenho da forma como o atleta se sente à vontade, sempre com acompanhamento de um nutricionista.

Fonte Essential Nutrition

O QUE ACONTECE COM SEU CORPO DURANTE 2 SEMANAS SEDENTÁRIAS?

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Às vezes, um dia de descanso se transforma em uma semana de descanso e depois em um mês de descanso – mas sempre há tempo para voltar a ficar em forma, certo? Não tão rápido.

De acordo com novas pesquisas da Universidade de Liverpool, ignorar seus exercícios por apenas duas semanas pode aumentar significativamente seu risco de diabetes, doenças cardíacas e até morte prematura.

Os pesquisadores estudaram 28 pessoas saudáveis com idade média de 25 anos. Os participantes do estudo caminharam cerca de 10.000 passos por dia antes do experimento e tiveram um índice médio de massa corporal de 25 (que está no limite do que é considerado normal e com sobrepeso).

Quando os pesquisadores reduziram o nível de atividade em 80 por cento, de 10.000 para cerca de 1.500 passos por dia,  eles descobriram que houve mudanças significativas em suas composições corporais. Após duas semanas, os indivíduos ganharam peso e perderam massa muscular. Curiosamente, a nova gordura tende a se acumular no centro do corpo, o que é um melhor preditor de doenças crônicas do que o IMC. Além disso, os participantes não podiam correr tanto ou com a mesma intensidade que antes.

Outras mudanças que os cientistas notaram foram menos esperadas. Ocorreu uma diminuição na sensibilidade à insulina e um aumento da gordura acumulada no fígado, indicando maior risco de obesidade e doenças como diabetes, doenças cardíacas e câncer. Os participantes também apresentaram um aumento nos triglicerídeos, um componente do colesterol que pode aumentar seu risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral quando se acumula em suas artérias.

Embora as mudanças fossem pequenas, elas eram suficientemente significativas para causar alarme. “Nós pensamos que veríamos mudanças sutis”, o coautor do estudo, Dan Cuthbertson, Ph.D., disse, “mas quando tudo o que você mede piora em um período tão curto, incluindo esses importantes fatores de risco para doenças cardíacas e diabetes tipo 2, na verdade é bastante surpreendente”.

A boa notícia é que os efeitos negativos são reversíveis, explica Cuthbertson, desde que você volte à sua rotina habitual. “Então, tudo bem se estiver em forma e sair de férias por duas semanas e depois voltar ao treino”, diz ele. “Mas o problema é que muitas pessoas não retornam aos mesmos níveis de atividade e, então, talvez os efeitos se acumulem.”

Esta notícia não é um bom presságio para uma geração de trabalhadores que passam cerca de 10 horas por dia sentados. Enquanto cerca de 50 por cento da força de trabalho tinha um emprego fisicamente ativo em 1960, apenas 20 por cento dos trabalhadores têm um agora.

Cuthbertson enfatiza que você não precisa se tornar um viciado em fitness para evitar os efeitos desagradáveis da inatividade. Mas, pouco é muito melhor do que nada. Durante o dia, opte por ficar mais de pé e, ao invés de uma terceira xícara de café, faça uma caminhada para se energizar.

ATLETAS E VITAMINA D

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Atualmente, é comum que nossos estilos de vida nos distanciem de uma frequente exposição ao sol. Se você corre no início da manhã ou à noite – passando o dia todo em um escritório –, é fácil perder o contato com a luz natural e apresentar uma falta de vitamina D correspondente.

Isso pode fazer você se sentir lento, cronicamente doente e apresentar densidade óssea comprometida, uma vez que seu sistema imune também é afetado. Para os atletas, isso pode impactar seu desempenho atlético.

A vitamina D funciona como um hormônio e o seu mecanismo molecular atua na função muscular, regulando seus processos e regulando para baixo a inflamação. As pessoas que têm carência de vitamina D [25(OH)D] tendem a se queixar de dor muscular geral, e um estudo com bailarinos profissionais descobriu que a força muscular e o salto vertical melhoraram após a sua suplementação durante quatro meses. (1)

MAS, E QUANTO À DOSE INDICADA PARA PREVENIR A CARÊNCIA DE VITAMINA D?

Um estudo publicado recentemente em European Journal of Clinical Nutrition acessou a prevalência da deficiência. Amostras de sangue foram coletadas de 128 atletas altamente treinados para avaliar a concentração total de 25(OH)D. Desses, 54 homens e 48 mulheres (18 a 32 anos) foram incluídos no estudo randomizado, duplo cego, dose-resposta, aleatoriamente designados para tomar 400, 1.100 ou 2.200 UI de vitamina D3 por dia, durante um ano.

Os atletas que tinham uma concentração total não carente de 25(OH)D (acima de 75 nmol/l) na linha de base continuaram com o protocolo do estudo como grupo placebo. A concentração sérica total da vitamina foi avaliada a cada três meses, assim como a sua ingestão através da dieta e exposição solar.

Quase 70% de todos os participantes do estudo apresentaram uma concentração insuficiente ou deficiente de vitamina D no início do estudo. Após 12 meses, o grupo de atletas que recebeu 2.200 UI/dia teve os níveis séricos de 25(OH)D mais elevados que os outros grupos, resultando em uma concentração suficiente em 80% nestes atletas.

UNIDADE INTERNACIONAL (UI)

Na farmacologia, a unidade internacional (UI)é uma unidade de medida para a quantidade de uma determinada substância. A massa ou volume que constitui uma unidade internacional varia com base na substância que está sendo medida e a variância é baseada na atividade ou efeito biológico.

A vitamina D é atualmente prescrita em UI, o que comumente cria uma estranheza às pessoas leigas e talvez até o medo que uma dose muitas vezes lida ‘em milhares’ se traduza como muito alta. Por exemplo, cada UI da substância vitamina D3 corresponde a 0,025mcg, e, portanto, a dose diária de 2.200 UI do estudo pode ser traduzida como 55 microgramas (55mcg).

É importante salientar que o treinamento do atleta atua como papel central na determinação de seu desempenho. Mas, não podemos esquecer os fatores que participam como complemento e que, em conjunto, podem fazer toda a diferença em competições de alto nível. Um nível ótimo de vitamina D é um desses fatores.

Referências:
(1) Wolman R, et al. Vitamin D status in professional ballet dancers: winter vs. summer. J Sci Med Sport, 2013. DOI: 10.1016/j.jsams.2012.12.010
(2) Backx EM, et al. The impacto f 1-year vitamin D supplementation on vitamin D status in athletes: a dose-response study. Eur J Clin Nutr, 2016. DOI:10.1038/ejcn.2016.133

Fonte: Essential Nutrition

NUTRICOSMÉTICOS: QUAIS SÃO E COMO ATUAM OS ALIMENTOS DA BELEZA

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Uma boa alimentação é muito importante para a saúde e beleza da pele. Mas e se esses nutrientes viessem prontos, nas quantidades certas, e em cápsulas? Quando ingerimos nutricosméticos, estamos fornecendo ao nosso organismo vitaminas e nutrientes que, quando bem absorvidos, melhoram a vitalidade e beleza dos nossos cabelos, pele e unhas. Saiba, neste texto, quais são os principais nutricosméticos e como eles atuam.

O que são os nutricosméticos

Nutricosméticos são substâncias que atuam em nosso organismo estimulando a produção de colágeno, elastina e outros componentes importantes para a saúde de pele, cabelo e unhas. Os nutricosméticos também atuam como fonte de antioxidantes e de ácido hialurônico. Assim, são capazes de desacelerar os processos de envelhecimento ligados ao estresse oxidativo e à desidratação da pele.

Quem pode consumir nutricosméticos

Os nutricosméticos são substâncias extraídas de alimentos naturais, não tendo, por princípio, contraindicação. Para os alérgicos ou pessoas que optam pela dieta vegana, é preciso ficar atento a alguns ingredientes, como o Ômega-3, que tem origem em peixes ou crustáceos, ou o colágeno, que é sempre extraído de fonte animal.

Principais nutricosméticos

Colágeno

O colágeno tem funções muito importantes no organismo. Suas fibras agem como uma espécie de “cola”, auxiliando na coesão de tecidos e órgãos em geral. Já para pele, ossos, cartilagens, tendões e ligamentos, o colágeno fornece hidratação, resistência, elasticidade e flexibilidade.

Sua síntese varia durante os diferentes estágios da vida. Com o passar dos anos, a capacidade de reabastecer colágeno diminui, naturalmente, cerca de 1,5% ao ano, e as fibras tornam-se mais espessas e curtas.

Ao suplementar, prefira suplementos que trazem peptídeos de colágeno hidrolisado. Isso porque os peptídeos possuem tamanho bem menor, o que torna sua absorção superior. Um benefício maior pode ser obtido com um suplemento que também contenha vitaminas e ingredientes que complementam a sua ação.

O colágeno in natura é uma proteína exclusivamente de fonte animal. Mas os veganos podem encontrar nos vegetais os mesmos aminoácidos necessários para que a produção de colágeno aconteça internamente. Entre os aminoácidos, as fontes podem ser a lentilha (glicina), a soja (lisina) e as nozes (prolina, arginina e treonina). A laranja e a acerola são fontes famosas de vitamina C, enquanto a manga pode fornecer vitamina A, o abacate contém vitamina E e as amêndoas fornecem vitamina B7 (biotina). Boas fontes de minerais são a castanha-de-caju (zinco) e o espinafre (cobre).

Antioxidantes

Excesso de sol, poluição do ar, ingestão de alimentos com resíduos de pesticidas ou aditivos químicos, estresse e uso de cigarro e álcool são os principais fatores que impulsionam o excesso de radicais livres em nosso organismo. Nessas situações, chamadas de estresse oxidativo, a pele ganha manchas, e há uma diminuição na produção de colágeno.

A astaxantina, o licopeno, o betacaroteno e a epigalocatequina são antioxidantes que atuam na proteção das células da pele, neutralizando a ação dos radicais livres.

Os crustáceos são boas fontes de astaxantina, enquanto o tomate fornece licopeno, a cenoura é fonte de betacaroteno e a epigalocatequina pode ser encontrada no chá-verde.

Ácido Hialurônico

Assim como o colágeno, o ácido hialurônico sofre redução natural conforme a idade. Pesquisas mostram que a sua quantidade na pele de uma pessoa com 75 anos é quatro vezes menor do que essa pessoa tinha aos 19 anos. Somando esse quadro ao reconhecimento científico de que o ácido hialurônico é responsável pelo preenchimento dos espaços intracelulares, hidratação e combate aos radicais livres, há um quadro fortemente indicativo da necessidade de repor seus níveis em adultos.

Ao restabelecer os níveis de ácido hialurônico nas camadas internas da pele, reencontra-se o equilíbrio de água, regula-se a distribuição de proteínas nos tecidos e compõe-se um ambiente físico no qual ocorre o movimento das células, contribuindo para a melhora na estrutura e elasticidade da pele. Consequentemente, são notadas a redução de rugas e a suavização das linhas de expressão.

Ácido Ortosilícico

O ácido ortosilícico colabora com a síntese de colágeno e elastina. Também está envolvido na síntese e na compactação de queratina nos cabelos e nas unhas. No mercado brasileiro, já existem produtos para quem quer suplementar silício e melhorar o aspecto da pele, cabelos e unhas. O ácido ortosilícico estabilizado em colina pode ter seu efeito potencializado se combinado com peptídeos de colágeno hidrolisado, por exemplo, ou, ainda, com ácido hialurônico e aminoácidos precursores de colágeno, em uma opção vegana. Quando em bons níveis, o silício e outros nutrientes atuam diretamente na preservação e recuperação da pele, cabelo, unhas e cartilagens.

Vitaminas B5 e B7

Estudos mostram que a vitamina B5 (ácido pantotênico) promove a pele saudável, com capacidade de reduzir os sinais de envelhecimento da pele, como vermelhidão e manchas. Por causa de sua associação com o cabelo, pele e unhas saudáveis, a vitamina B7 (biotina) também é conhecida como “vitamina da beleza”. Sua carência pode deixar cabelo e unhas frágeis, além de gerar coceira e erupção cutânea ao redor dos olhos, nariz e boca. Outras vitaminas do complexo B, como a B9 e a B12, são essenciais para o corpo.

Coenzima Q10

Coenzima Q10 está presente em praticamente todas as células do organismo, sendo fundamental para a geração de energia e uma série de outros processos. Na pele, ela tem duas funções principais:

  • Como antioxidante, protege a estrutura das células da destruição da própria parede celular causada pelos radicais livres;
  • Estimula a biogênese mitocondrial – ou seja, a produção de novas mitocôndrias dentro das células.

A concentração da CoQ10 no organismo pode ser reduzida por fatores como avanço da idade, situações de estresse oxidativo, dieta rica em carboidratos simples, tratamento para redução de colesterol e prática esportiva intensa. Estudos indicam que a maioria dos efeitos benéficos da reposição da CoQ10 são obtidos com a ingestão diária de 100mg da coenzima.

Outros cuidados com a pele

Além de ingerir os melhores nutrientes, a incorporação de alguns cuidados básicos à rotina ajuda a manter a saúde da pele, cabelo e unhas. Confira algumas dicas:

Fonte: Essential Nutrition

Outubro Rosa: ativos naturais para o cuidado com câncer de mama

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O câncer de mama é um problema de saúde pública. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirma que a incidência desse tipo de câncer, para o ano de 2019, será de 59.700 casos novos, representando 29,5% dos tipos que afetam o público feminino.

O mês de outubro é caracterizado pelo movimento de conscientização para o controle do câncer de mama: Outubro Rosa. Criado na década de 1990, o conceito da campanha é compartilhar informações relevantes e importantes sobre a doença, a fim de proporcionar acesso a serviços de diagnóstico e cuidados preventivos.

Os parâmetros epidemiológicos relacionados às taxas de incidência, mortalidade e prognóstico do câncer de mama divergem entre regiões e países. São diversos os fatores de risco associados ao seu desenvolvimento, entre eles, os hábitos de saúde e o estilo de vida, a exposição ambiental, o histórico familiar e os aspectos genéticos. O estilo de vida, incluindo a alimentação, apresenta influência significativa nos mecanismos fisiopatológicos do desenvolvimento do câncer de mama, especialmente em relação a níveis hormonais alterados pelo excesso de peso corporal e sedentarismo.

Estudos reforçam que o excesso de peso e uma dieta rica em gordura estão associados à resistência à insulina e ao aumento da atividade androgênica, sobretudo, dos níveis de testosterona e IGF-1. A insulina é o hormônio responsável por estimular a síntese de andrógenos no ovário e a expressão dos receptores do hormônio do crescimento (GH) e aumentar a biodisponibilidade de hormônios sexuais e IGF-1 em razão da inibição da produção hepática de globulina ligadora de hormônios. A associação das concentrações de estrogênios com o câncer acontece pela potencialização da estimulação hormonal e proliferação de células mamárias com maior propensão a mutações, iniciando, assim, processos mutagênicos de DNA. Portanto, o controle da adiposidade e do o dismetabolismo é essencial para reduzir estágios avançados de câncer de mama e melhorar o prognóstico.

Estratégias terapêuticas à base de ativos e extratos naturais no tratamento do câncer são pontuadas em diferentes estudos científicos como promissoras para um melhor prognóstico da doença. Alguns chás à base de ervas aromáticas, extratos de alho e gengibre e, principalmente, o fitoativo curcumina, presente na cúrcuma, ou açafrão-da-terra merecem destaque na intervenção nutricional do paciente com a doença, independentemente do estágio.

Nutrição integrada e o papel de extratos naturais no tratamento do câncer!

A curcumina apresenta efeitos significativos na antiproliferação de células cancerígenas, indução da apoptose celular, antiangiogênese e modulação antioxidante e anti-inflamatória. Sua utilização, como agente terapêutico para manejo do câncer, é indicada no tratamento coadjuvante da doença junto a outras modificações alimentares e suplementações eficientes.

Uma questão importante a ser destacada em relação às terapias convencionais utilizadas para tratar o câncer é o fenômeno da resistência a múltiplas drogas quimioterápicas, que pode surgir em 30 a 80% dos pacientes que se submetem à quimioterapia como principal intervenção. Entretanto, de forma positiva, ressalta-se que a maioria dos produtos naturais resistiu a esse fenômeno, com destaque à curcumina. Veja o vídeo a seguir sobre o papel principal desse princípio ativo no tratamento da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que 80% das pessoas em todo o mundo fazem uso de componentes naturais da medicina tradicional de plantas, ou conhecida como medicina tradicional chinesa, nos cuidados de saúde, sobretudo, quanto ao câncer.

Diferentes produtos compostos por extratos de plantas apresentam potencial anticancerígeno. São 30 anos de pesquisas que detectaram a eficácia de 80% de drogas anticâncer isoladas diretamente de plantas, contra 20% daquelas sintetizadas em laboratórios.

Um recente estudo de revisão (2018) avaliou o papel da curcumina na regulação do gene p53. Qualquer mutação em p53 pode desencadear uma ação oncogênica, que tem associação com a perda de funções do tecido atingido.  Esse gene apresenta um papel significativo no processo de ativação da apoptose celular e redução da proliferação celular cancerígena. A deficiência nos níveis de p53 pode comprometer o tratamento oncológico por aumentar a resistência a drogas contra o câncer. Ou seja, as células tumorais com p53 anormal podem ser resistentes à quimioterapia e radioterapia. Os pesquisadores revelaram dados que comprovam a eficácia da suplementação de curcumina no tratamento de células cancerosas com característica de um p53 anormal, regulando tal mutação neste gene.

cúrcuma pode ser prescrita na rotina alimentar de pacientes com câncer de mama, após uma avaliação individualizada. 

Referências

TALIB, W. et al. Role of curcumin in regulating p53 in breast cancer: an overview of the mechanism of action. Breast Cancer (Dove Med Press), v. 10, p. 207-217, 2018.

LOPES, C. et al. Phytotherapy and Nutritional Supplements on Breast Cancer. Biomed Res Int., v. 2017, 2017.

TAHA, Z.; ELTOM, S. The Role of Diet and Lifestyle in Women with Breast Cancer: An Update Review of Related Research in the Middle East. Biores Open Access., v. 7, n. 1, p. 73-80, 2018.

LIMON-MIRO, A. et al. Dietary Guidelines for Breast Cancer Patients: A Critical Review. Adv Nutr., v. 14, n. 8, p. 613-623, jul. 2017.

SHAPIRA, N. The potential contribution of dietary factors to breast cancer prevention. European Journal of Cancer Prevention, v. 26, n. 5, p. 385-395, 2017.

SEILER, A. Obesity, Dietary Factors, Nutrition, and Breast Cancer Risk. Curr Breast Cancer Rep., v. 10, n. 1, p. 14-27, mar. 2018.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. A situação do câncer de mama no Brasil: Síntese de dados dos sistemas de informação. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), 2019. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//a_situacao_ca_mama_brasil_2019.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2019.

Vitafor Science News

Nutrição e endurance: atualizações na prática clínica

endurance

O número de praticante de modalidades de endurance (corrida, triatlon, ciclismo) cresce substancialmente a cada ano. No ano de 2015, nos Estados Unidos, o número de praticantes de triatlon era estimado em 2,5 milhões e, no mundo, em 3,5 milhões. Certamente, nos dias de hoje esse número é significativamente superior. Junto com a prática, cresce o número de evidências científicas acerca das estratégias nutricionais e de suplementação para estas modalidades. Tal crescimento também é justificado pela evolução do esporte dentro do cenário do alto rendimento esportivo. No ano de 2018, o queniano e campeão olímpico Eliud Kipchoge obteve o recorde mundial de maratona ao completar a prova em Berlim com o tempo de 2:01:39, algo que no passado era considerado sub-humano.

Sabemos que um ciclo de preparação para uma prova de longa duração é determinado pelas fases de treinamento. Para compreensão do profissional nutricionista (de forma simples e não técnica), a periodização se inicia no período de base/fundação, onde não há aumento substancial do volume de treino o que permite que a composição corporal seja alvo primário de atenção. Em seguida, inicia-se o aumento do volume de treino semana a semana. Nessa fase a dieta deve acompanhar esse aumento de volume para que a evolução e adaptação aos treinos ocorram. Ou seja, é a fase onde não se deve fase restrição calórica, mas periodizar a dieta em função dos estímulos mecânicos diários. A fase de volume termina no ˜pico de treino˜, onde as maiores distâncias são percorridas e a estratégia nutricional de prova deve ser testada e ajustada toda semana. Por fim, o polimento é a fase que antecede a prova e, nesse período, deve-se minimizar ao máximo a carga de estresse e favorecer a recuperação dos estoques de energia para prova. O conhecimento destas fases de treino e as respectivas condutas, permite que o profissional nutricionista possa periodizar a dieta ao longo do ciclo de acordo com o objetivo do treinamento.

Recentemente, alguns estudos sobre suplementação no âmbito do endurance foram publicados. Kato et al. (2018) avaliaram maratonistas (média de 26 anos) que passaram por 2 dias de adaptação: no primeiro dia, correram 10 km e no segundo 5 km. Durante esses dias, consumiram uma dieta com 8g de CHO/kg de peso corporal/dia e 1,4g/ de PTN/kg de peso corporal/dia. No terceiro dia, realizaram um treino longo de 20 km onde consumiram alguma das seguintes dietas:

1) 9g de CHO/kg de peso corporal/dia e 0,8g/ de PTN/kg de peso corporal/dia;

2) 8g de CHO/kg de peso corporal/dia e 1,75g/ de PTN/kg de peso corporal/dia;

3) 9g de CHO/kg de peso corporal/dia e 0,8g/ de PTN/kg de peso corporal/dia + BCAAs;

3) 9g de CHO/kg de peso corporal/dia e 0,8g/ de PTN/kg de peso corporal/dia + EAAs (aminoácidos essenciais).

O objetivo do estudo foi de avaliar qual a melhor conduta para recuperação muscular pós-esforço. Conforme apresentado na figura abaixo, o resultado demonstrou que as dietas 2 e 3 foram equivalentes em reduzir a oxidação proteica após o exercício, indicando que há uma maior necessidade de ingestão proteica que, se não for cumprida deve ser complementada com a suplementação de BCAAs.

grafico nutricao e endurance

Wall et al. (2011) submeteram 14 triatletas com média de 25 anos a suplementação de L-carnitina por 24 semanas afim de verificar os efeitos da suplementação sobre o desempenho esportivo em intensidade moderada (50% VO2 máx) e alta (80% VO2 máxi). O protocolo de suplementação foi composto de 80g de carboidratos + 2g de L-carnitina, 2 vezes ao dia. Ao final de 6 meses, os autores observaram que, em atividade moderada, o delta de glicogênio (utilização) foi menor frente a suplementação de L-carnitina. Já em alta intensidade, o delta de lactato (produção) foi menor no grupo suplementado em comparação ao placebo.

Por fim, de modo mais recente, têm-se discutido o “treinamento intestinal” dentro da prática de endurance com o objetivo de minimizar os possíveis desconfortos gastrointestinais e até mesmo fortalecer a microbiota para manutenção da imunidade. Neste contexto, os estudos com uso de probióticos associado a suplementação de L-glutamina tem demonstrado resultados promissores. A literatura acerca da suplementação de probióticos e endurance tem crescido substancialmente (Leite et al, 2018; Pyne et al, 2014; West et al, 2009). De modo complementar, a figura abaixo (extraída de Coqueiro et al, 2019) resume as principais funções da L-glutamina além do trato intestinal:

nutricao e endurance

Embora não seja consenso da literatura, há evidências indicando que a glutamina pode aumentar a síntese de glicogênio muscular e reduzir o acúmulo de amônia induzido pelo exercício. A suplementação também pode atenuar marcadores de dano muscular e, consequentemente diminuir a sensação de dor muscular tardia, especialmente em indivíduos engajados em protocolos de treinamento de exaustão e/ou exercícios prolongados. Embora os efeitos acima descritos sejam evidentes no contexto do exercício, poucos resultados sobre desempenho esportivo foram observados na literatura.

Referências bibliográficas:

Coqueiro AY, Rogero MM, Tirapegui J. Glutamine as an Anti-Fatigue Amino Acid in Sports Nutrition. Nutrients. 2019 Apr 17;11(4).

Kato H, Suzuki K, Bannai M, Moore DR. Branched-Chain Amino Acids Are the Primary Limiting Amino Acids in the Diets of Endurance-Trained Men after a Bout of Prolonged Exercise. J Nutr. 2018 Jun 1;148(6):925-931.

Leite GSF, Resende Master Student AS, West NP, Lancha AH Jr. Probiotics and sports: A new magic bullet? Nutrition. 2019 Apr;60:152-160.

Pyne DB1, West NP, Cox AJ, Cripps AW. Probiotics supplementation for athletes – clinical and physiological effects. Eur J Sport Sci. 2015;15(1):63-72.

Wall BT, Stephens FB, Constantin-Teodosiu D, Marimuthu K, Macdonald IA, Greenhaff PL. Chronic oral ingestion of L-carnitine and carbohydrate increases muscle carnitine content and alters muscle fuel metabolism during exercise in humans. J Physiol. 2011 Feb 15;589(Pt 4):963-73.

West NP, Pyne DB, Peake JM, Cripps AW. Probiotics, immunity and exercise: a review. Exerc Immunol Rev. 2009;15:107-26.

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Curcuma longa na prevenção e tratamento do paciente oncológico

curcuma-longa

Dados do Instituto Nacional do Câncer mostram que, em 2018, houve 300.140 novos casos de câncer em homens no Brasil, e 282.450 novos casos de câncer em mulheres, sendo o de próstata o mais prevalente em homens com 31,7% dos casos, e o de mama o mais prevalente em mulheres com 29,5% dos casos (desconsiderando Ca de pele não melanoma) (Inca, 2018).

Estimativas globais mostram que de 30 a 50% dos casos de câncer podem ser prevenidos com hábitos saudáveis de vida, incluindo as escolhas alimentares, nutrientes e compostos bioativos que optamos em oferecer pro nosso organismo (WCRF, 2018). Neste aspecto, o texto a seguir tem como objetivo promover uma revisão das diversas aplicabilidades do uso da Curcuma longa L (C. longa) na prevenção e/ou tratamento de pacientes com diferentes tipos de câncer.

Em recente revisão publicada por Mokbel e cols (2019), os autores descrevem o papel de vários micronutrientes e compostos bioativos na prevenção e tratamento do paciente com câncer de mama, destacando-se a curcumina, principal componente da planta Curcuma longa, seja como quimiopreventivo terapêutico, ou para evitar a reincidiva tumoral.

Wang et al (2019) descreve a curcumina como agente potencial preventivo de câncer, especialmente pela sua capacidade em organizar e equilibrar a expressão e a atividade de microRNAs oncogênicos e supressores de tumor. O autor reforça a importância da ingestão habitual de curcumina, que não apresenta efeitos adversos.

Uma revisão recente apresenta dados em que a curcumina foi administrada concomitantemente com medicamentos quimioterápicos, aumentando a eficácia do tratamento e/ou reduzindo efeitos colaterais e/ou aumentando a qualidade de vida dos pacientes. Segundo os autores, a curcumina poderia ser utilizada associada com paclitaxel, docetaxel, doxorubicina, cisplatina, metformina, gencitabina, celecoxibe e 5-fluorouracil, e parece indicar eficácia para tumores como próstata, hepatocelular, gástrico, linfoma de Hodgkin, bexiga, pâncreas, leucemia e câncer coloretal. As doses sugeridas ainda não são conclusivas, mas variam de 500mg/dia até 8g/dia (Tan, 2019).

O principal fator para que o suplemento de curcuma longa e seus curcuminoides tenha eficiência terapêutica é a sua baixa absorção. Desta forma, os estudos são bastante eficazes em demonstrar que a biodisponibilidade da curcumina melhora na presença de piperina, composto bioativo da pimenta do reino (Salehi B et al, 2019), bem como na presença de gordura, especificamente de fosfolipídios, tanto na formulação quanto na refeição.

Gupta (2011) demonstrou que quando a curcumina é complexada com fosfatidilcolina, sua absorção é superior quando comparada na forma isolada, além da ação protetora hepática também ser mais eficaz. Estudo realizado por Liu Y et al (2019) em ratos demonstrou que este complexo melhora a absorção do quimioterápico, reduzindo as metástases pulmonares de Ca de mama primário.

Panahi (2014) demonstrou que uma dose baixa de 180mg/dia de curcuminoides de alta absorção (curcuminoides com fosfatidilcolina), além de reduzir marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa (PCR), promove menos efeitos colaterais e aumenta a qualidade de vida dos pacientes em quimioterapia com diferentes medicamentos e diferentes tipos de tumor.

Um dado curioso é que a curcumina parece aumentar a biodisponibilidade da epigalocatequina 3-galato, composto bioativo principal do chá verde (camellia sinesis), o que poderia gerar indicação da suplementação de extrato de chá verde associada a curcuma (Pandit et al 2019).

Nesta mesma linha, Montgomery (2016) testou os efeitos antiproliferativos da curcumina isolada, da silimarina isolada e da combinação de curcumina e silimarina usando linhagens celulares de câncer de cólon. Os autores demonstraram que a curcumina sensibiliza as células de Ca de cólon para a silimarina, o que aumenta a eficácia anticâncer quando os dois compostos bioativos são utilizados conjuntamente.

A silimarina corresponde a um conjunto de compostos bioativos encontrados na planta Cardo Mariano, especialmente a flavonolignana silibina e, em diferentes doenças oncológicas, como o Ca cervical, de próstata, bexiga, hepatocelular e pulmão, a silimarina diminui a replicação e a vitalidade das células tumorais (Haddad, 2011).

Elyasi S et al (2016) testaram a dose de 420mg de silimarina, dividida em 3 doses ao dia, e demonstraram que a administração profilática de silimarina pode reduzir significativamente a gravidade da mucosite induzida por radioterapia e atrasar sua ocorrência em pacientes com câncer de cabeça e pescoço.

Soleimani et al (2019) descreve a silimarina como agente com potencial ação anticâncer, e que doses de 700mg, 3x ao dia, são consideradas seguras, devendo os pacientes serem reavaliados quanto às funções hepáticas e renais.

Assim como a curcumina, a silimarina exige ativadores ou melhoradores de absorção para garantir sua biodisponibilidade e efeito terapêutico em humanos. Lazzeroni M et al (2016), em estudo de fase 1, conseguiu demonstrar que a silimarina na presença de fosfatidilcolina tem grande absorção e é capaz de atingir o tecido tumoral da mama. Os autores usaram 2,8g/dia do complexo silimarina/fosfatidilcolina por período de 4 semanas, sem apresentar efeitos adversos. Di Costanzo A et al (2019), reforça a importância das fontes lipídicas para garantir absorção e biodisponibilidade da silimarina, e que doses eficazes de 1.500mg/dia ou superiores também são consideradas seguras.

Pode-se concluir que o uso dos curcuminoides da curcuma longa, especialmente a curcumina, podem ser utilizados para prevenção e tratamento de pacientes oncológicos, em doses mínimas fracionadas de 180mg/dia até 8g/dia, e sempre com ativadores e carreadores de alta absorção, como a piperina (pimenta do reino) e os lipossomas de fosfolipídios (fosfatidilcolina).

O uso da curcuma longa associada a outros compostos bioativos deve ser avaliada, como por exemplo com a silimarina para hepatoproteção e redução de efeitos adversos induzidos pelo tratamento quimio/radioterápico, com doses iniciais de 1.200 a 1.400mg diariamente (fracionadas ao longo do dia), e, possivelmente com doses superiores ainda a serem determinadas, com ação apoptótica, antiangiogênica e antiproliferativa tumoral.

Referências bibliográficas:

Di Costanzo A et al. Formulation Strategies for Enhancing the Bioavailability of Silymarin: The State of the Art. Molecules. 2019 Jun 7;24(11).

Elyasi S et al. Effect of Oral Silymarin Administration on Prevention of Radiotherapy Induced Mucositis: A Randomized, Double-Blinded, Placebo-Controlled Clinical Trial. Phytother Res. 2016 Nov;30(11):1879-1885.

Gupta NK et al. Bioavailability enhancement of curcumin by complexation with phosphatidyl choline. J Pharm Sci. 2011 May;100(5):1987-95.

Haddad, Y., Vallerand, D., Brault, A., & Haddad, P. S. (2011). Antioxidant and hepatoprotective effects of silibinin in a rat model of nonalcoholic steatohepatitis. Evidence?Based Complementary and Alternative Medicine, 2011, 1–10. nep164.

Inca, estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: INCA, 2017.

Lazzeroni M et al. A Presurgical Study of Oral Silybin-Phosphatidylcholine in Patients with Early Breast Cancer. Cancer Prev Res (Phila). 2016 Jan;9(1):89-95.

Liu Y et al. Hybrid curcumin-phospholipid complex-near-infrared dye oral drug delivery system to inhibit lung metastasis of breast cancer. Int J Nanomedicine. 2019 May 7;14:3311-3330.

Mokbel K et al. Chemoprevention of Breast Cancer With Vitamins and Micronutrients: A Concise Review. In Vivo. 2019 Jul-Aug;33(4):983-997.

Montgomery A et al. Curcumin Sensitizes Silymarin to Exert Synergistic Anticancer Activity in Colon Cancer Cells. J Cancer. 2016 Jun 23;7(10):1250-7.

Panahi Y et al. Adjuvant therapy with bioavailability-boosted curcuminoids suppresses systemic inflammation and improves quality of life in patients with solid tumors: a randomized double-blind placebo-controlled trial. Phytother Res. 2014 Oct;28(10):1461-7.

Pandit AP et al. Curcumin as a permeability enhancer enhanced the antihyperlipidemic activity of dietary green tea extract. BMC Complement Altern Med. 2019 Jun 13;19(1):129.

Salehi B et al. The therapeutic potential of curcumin: A review of clinical trials. Eur J Med Chem. 2019 Feb 1;163:527-545.

Soleimani V et al. Safety and toxicity of silymarin, the major constituent of milk thistle extract: An updated review. Phytother Res. 2019 Jun;33(6):1627-1638.

Tan BL et al.  Curcumin Combination Chemotherapy: The Implication and Efficacy in Cancer. Molecules. 2019 Jul 10;24(14).

Wang M et al. Potential Mechanisms of Action of Curcumin for Cancer Prevention: Focus on Cellular Signaling Pathways and miRNAs. Int J Biol Sci. 2019 May 7;15(6):1200-1214.

WCRF, World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research. Diet, Nutrition, Physical Activity and Cancer:
a Global Perspective. The Third Expert Report 2018. Available in www.dietandcancerreport.org

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Astragalus membranaceus e os seus efeitos no tratamento do câncer

Astragalus Membranaceus

Astragalus Membranaceus (AM) é uma das principais ervas que são mais utilizadas com finalidade terapêutica na medicina tradicional chinesa. O AM possui diversos compostos bioativos, dentre eles estão os flavonoides e as saponinas, sendo o Astragalosídeo IV, uma saponina esteroide, o principal. Em termos gerais, o extrato da raiz do AM quando comparado com o extrato da planta inteira, contém uma maior concentração de Astragalosídeo IV. Alguns estudos têm demonstrado que esse componente é responsável por promover os efeitos benéficos do consumo dessa erva, que vão desde a reposta anti-inflamatória e antioxidante, tratamento de doenças renais, cardioproteção, prevenção dos efeitos colaterais e deletérios da quimioterapia, entre outros. O Astragalosídeo IV possui baixa biodisponibilidade após o ser consumido (via oral), digerido e absorvido pelo trato gastrointestinal (TGI). A baixa biodisponibilidade tem sido uma das principais barreiras que levam aos resultados inconclusivos dos efeitos do AM na saúde humana. Na tentativa de driblar e essa limitação, boa parte dos estudos clínicos com AM, optam por administrá-lo por via oral com doses elevadas diariamente ou por via injetável, tornando assim muitas das vezes essa replicação de conduta irreal com a prática clínica. Outra medida talvez mais real com a prática clínica do nutricionista é ofertar o AM através de suplementos alimentares com uma maior concentração Astragalosídeo (1).

O AM também é considerado como um Immune Booster, por proporcionar um efeito sobre o aumento da estimulação e ativação do sistema imunológico. Em um ensaio clínico randomizado, o consumo oral de AM (cerca de 1,23g) por um período de 7 dias quando comparado com o consumo de Echinacea Purpurea e Glycyrrhiza Glabra, foi mais eficaz em promover um efeito imunomodulador. No grupo que consumiu AM, foi observado um aumento no número de linfócitos das proteínas que são expressas nas células imunológicas, como: CD4, CD8, CD25 e CD69. Esses efeitos imunomoduladores foram observados 24 horas após o consumo de AM (2). Uma metanálise de ensaios clínicos controlados buscou avaliar o efeito da administração de uma injeção de AM no tratamento da leucopenia induzida por quimioterápico e outras causas. Ao todo foram utilizados 13 ensaios clínicos envolvendo 841 indivíduos para a construção da metanálise. Foi observado que os pacientes que receberam a injeção de AM tiveram um melhor efeito na reversão da leucopenia quando comparado com os indivíduos que não receberam a injeção de AM, demonstrando que de fato o AM parece exercer um importante efeito sobre a imunidade (3).

consumo de astragalus

Em relação ao câncer, especula-se que o AM possa ser um importante agente terapêutico no controle dos efeitos deletérios e colaterais durante o tratamento quimioterápico. Uma recente metanálise construída a partir de 27 ensaios clínicos randomizados totalizando em uma amostra de 1.843 participantes, demonstrou que o consumo de AM reduziu significantemente os sintomas de vômitos e náuseas induzidos por oxaliplatina durante a quimioterapia em pacientes portadores de câncer colorretal metastático (4). Outra metanálise envolvendo 32 ensaios clínicos randomizados e 2.224 pacientes com CCR, demonstrou que o consumo oral de AM sinergicamente com a oxaliplatina, foi eficiente na prevenção da neutropenia induzida por quimioterapia (5). Uma revisão sistemática avaliou o efeito da adição de medicamentos fitoterápicos (entre elas a base de AM) durante a quimioterapia do CCR. Um total de 13 ensaios clínicos randomizados foram incluídos na revisão sistemática. Foi observado que o AM é frequentemente utilizado durante a quimioterapia e que o seu consumo foi capaz de aumentar a taxa de sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, os pacientes que utilizaram o AM, tiveram uma redução dos efeitos deletérios induzidos pela quimioterapia, como vômitos, náuseas, neutropenia e neurotoxicidade, quando comparado com os pacientes que foram apenas submetidos a quimioterapia (6). Outra metanálise construída a partir de 19 ensaios clínicos randomizados, totalizando em uma amostra de 1.635 pacientes, avaliou o efeito da administração injetável de AM combinada com a quimioterapia a base de platina em pacientes com câncer de pulmão. O resultado da metanálise demonstrou que, quando comparado apenas com a quimioterapia isoladamente, a quimioterapia combinada com as injeções de AM teve efeitos positivos sobre o aumento da sobrevida dos pacientes, reduziu a incidência de leucopenia, aumentou a expressão de moléculas CD3, CD4, CD8 e das células natural killer (NK), além de reduzir os efeitos colaterais como vômitos e enjoo. Vale salientar que as células NK são as principais células imunológicas responsáveis pela resposta anti-tumoral (7). Em relação ao câncer de estômago, uma metanálise que incluiu 81 ensaios clínicos randomizados totalizando em uma amostra de 5.978 pacientes com câncer, demonstrou que a combinação da injeção de AM em sinergia com quimioterapia, foram eficientes na prevenção da leucopenia e das reações adversas que acometem o TGI. Outra metanálise envolvendo 3.289 pacientes com câncer de esôfago também demonstrou que a injeção de AM sinergicamente com a quimioterapia, foi capaz de melhorar a qualidade de vida desses pacientes, além de reduzir a incidência da leucopenia e sintomas como náuseas, quando comparado com os pacientes que foram submetidos apenas ao tratamento quimioterápico (8).

Apesar de observamos vários efeitos benéficos do consumo de AM sobre a imunidade e no tratamento dos efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia no câncer, mais estudos (em especial em seres humanos) são necessários para uma confirmação mais sólida e concreta de seus efeitos, para que assim sejam criados guidelines seguros e eficazes para indicações de consumo/suplementação de AM no manejo clínico das patologias.

 

Referências bibliográficas:

  • 1. FU, Juan et al. Review of the botanical characteristics, phytochemistry, and pharmacology of Astragalus membranaceus (Huangqi). Phytotherapy Research, v. 28, n. 9, p. 1275-1283, 2014.
  • 2. ZWICKEY, Heather et al. The effect of Echinacea purpurea, Astragalus membranaceus and Glycyrrhiza glabra on CD25 expression in humans: a pilot study. Phytotherapy Research: An International Journal Devoted to Pharmacological and Toxicological Evaluation of Natural Product Derivatives, v. 21, n. 11, p. 1109-1112, 2007.
  • 3. ZHANG, Changsong et al. The clinical value of Huangqi injection in the treatment of leucopenia: a meta-analysis of clinical controlled trials. PloS One, v. 8, n. 12, p. e83123, 2013.
  • 4. CHEN, Meng Hua et al. Integrative medicine for relief of nausea and vomiting in the treatment of colorectal cancer using oxaliplatin?based chemotherapy: A systematic review and meta?Phytotherapy Research, v. 30, n. 5, p. 741-753, 2016.
  • 5. CHEN, Menghua et al. Oxaliplatin-based chemotherapy combined with traditional medicines for neutropenia in colorectal cancer: a meta-analysis of the contributions of specific plants. Critical Reviews in Oncology/Hematology, v. 105, p. 18-34, 2016.
  • 6. CHEN, Menghua et al. FOLFOX 4 combined with herbal medicine for advanced colorectal cancer: a systematic review. Phytotherapy Research, v. 28, n. 7, p. 976-991, 2014.
  • 7. CAO, Ailing et al. Evidence of Astragalus injection combined platinum-based chemotherapy in advanced nonsmall cell lung cancer patients: A systematic review and meta-analysis. Medicine, v. 98, n. 11, 2019.
  • 8. GE, Long et al. Network meta-analysis on selecting Chinese medical injections in radiotherapy for esophageal cancer. 2015.

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