O câncer de mama é um problema de saúde pública. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirma que a incidência desse tipo de câncer, para o ano de 2019, será de 59.700 casos novos, representando 29,5% dos tipos que afetam o público feminino.
O mês de outubro é caracterizado pelo movimento de conscientização para o controle do câncer de mama: Outubro Rosa. Criado na década de 1990, o conceito da campanha é compartilhar informações relevantes e importantes sobre a doença, a fim de proporcionar acesso a serviços de diagnóstico e cuidados preventivos.
Os parâmetros epidemiológicos relacionados às taxas de incidência, mortalidade e prognóstico do câncer de mama divergem entre regiões e países. São diversos os fatores de risco associados ao seu desenvolvimento, entre eles, os hábitos de saúde e o estilo de vida, a exposição ambiental, o histórico familiar e os aspectos genéticos. O estilo de vida, incluindo a alimentação, apresenta influência significativa nos mecanismos fisiopatológicos do desenvolvimento do câncer de mama, especialmente em relação a níveis hormonais alterados pelo excesso de peso corporal e sedentarismo.
Estudos reforçam que o excesso de peso e uma dieta rica em gordura estão associados à resistência à insulina e ao aumento da atividade androgênica, sobretudo, dos níveis de testosterona e IGF-1. A insulina é o hormônio responsável por estimular a síntese de andrógenos no ovário e a expressão dos receptores do hormônio do crescimento (GH) e aumentar a biodisponibilidade de hormônios sexuais e IGF-1 em razão da inibição da produção hepática de globulina ligadora de hormônios. A associação das concentrações de estrogênios com o câncer acontece pela potencialização da estimulação hormonal e proliferação de células mamárias com maior propensão a mutações, iniciando, assim, processos mutagênicos de DNA. Portanto, o controle da adiposidade e do o dismetabolismo é essencial para reduzir estágios avançados de câncer de mama e melhorar o prognóstico.
Estratégias terapêuticas à base de ativos e extratos naturais no tratamento do câncer são pontuadas em diferentes estudos científicos como promissoras para um melhor prognóstico da doença. Alguns chás à base de ervas aromáticas, extratos de alho e gengibre e, principalmente, o fitoativo curcumina, presente na cúrcuma, ou açafrão-da-terra merecem destaque na intervenção nutricional do paciente com a doença, independentemente do estágio.
Nutrição integrada e o papel de extratos naturais no tratamento do câncer!
A curcumina apresenta efeitos significativos na antiproliferação de células cancerígenas, indução da apoptose celular, antiangiogênese e modulação antioxidante e anti-inflamatória. Sua utilização, como agente terapêutico para manejo do câncer, é indicada no tratamento coadjuvante da doença junto a outras modificações alimentares e suplementações eficientes.
Uma questão importante a ser destacada em relação às terapias convencionais utilizadas para tratar o câncer é o fenômeno da resistência a múltiplas drogas quimioterápicas, que pode surgir em 30 a 80% dos pacientes que se submetem à quimioterapia como principal intervenção. Entretanto, de forma positiva, ressalta-se que a maioria dos produtos naturais resistiu a esse fenômeno, com destaque à curcumina. Veja o vídeo a seguir sobre o papel principal desse princípio ativo no tratamento da doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que 80% das pessoas em todo o mundo fazem uso de componentes naturais da medicina tradicional de plantas, ou conhecida como medicina tradicional chinesa, nos cuidados de saúde, sobretudo, quanto ao câncer.
Diferentes produtos compostos por extratos de plantas apresentam potencial anticancerígeno. São 30 anos de pesquisas que detectaram a eficácia de 80% de drogas anticâncer isoladas diretamente de plantas, contra 20% daquelas sintetizadas em laboratórios.
Um recente estudo de revisão (2018) avaliou o papel da curcumina na regulação do gene p53. Qualquer mutação em p53 pode desencadear uma ação oncogênica, que tem associação com a perda de funções do tecido atingido. Esse gene apresenta um papel significativo no processo de ativação da apoptose celular e redução da proliferação celular cancerígena. A deficiência nos níveis de p53 pode comprometer o tratamento oncológico por aumentar a resistência a drogas contra o câncer. Ou seja, as células tumorais com p53 anormal podem ser resistentes à quimioterapia e radioterapia. Os pesquisadores revelaram dados que comprovam a eficácia da suplementação de curcumina no tratamento de células cancerosas com característica de um p53 anormal, regulando tal mutação neste gene.
A cúrcuma pode ser prescrita na rotina alimentar de pacientes com câncer de mama, após uma avaliação individualizada.
Referências
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. A situação do câncer de mama no Brasil: Síntese de dados dos sistemas de informação. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), 2019. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//a_situacao_ca_mama_brasil_2019.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2019.
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