Fitoterápicos com ação antifúngica

A utilização de plantas com fins medicinais para tratamento, cura e prevenção de doenças é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, e com o aumento da resistência a medicamentos tradicionais, o valor terapêutico das ervas vem sendo pesquisado e seu uso diário dentro das preparações ou na forma de chás vêm sendo incentivado. Outro ponto positivo de fitoterápicos com ação antifúngica é que eles apresentam menor custo quando comparados a medicamentos tradicionais e menos efeitos colaterais, como alterações gastrointestinais e hepatotoxicidade.

O uso de fitoterápicos é amplamente aplicado baseando-se na sabedoria popular. Esta é uma área de pesquisa que ainda carece de trabalhos científicos que comprovem a eficácia e a dosagem das “plantas medicinais” conhecidas.

Nesse sentido, o objetivo principal desse artigo será a abordagem da atividade antifúngica de alguns fitoterápicos através de uma revisão de artigos científicos. O conceito antifúngico é amplo, engloba qualquer substância capaz de produzir uma alteração na estrutura da célula fúngica e que consiga inibir seu desenvolvimento, alterando sua capacidade de desenvolvimento. A atividade antifúngica observada em extratos vegetais é, muitas vezes, atribuída a compostos orgânicos. As espécies vegetais possuem, simultaneamente, substâncias inertes e princípios ativos, cuja concentração dá-se, preferencialmente, nas flores, raízes ou folhas, e, em menor proporção, nos frutos e nas cascas. A concentração destes princípios também não é uniforme durante seu ciclo de vida, sendo influenciada pelo solo, habitat, colheita e preparação.

Diversos fitoterápicos têm sido utilizados no tratamento de fungos, sendo identificados: Alecrim, Orégano, Cravo, Óleo de coco, Óleo de melaleuca, Echinacea, Pau d’ arco, Alho, Gengibre.

Alecrim – Rosmarinus officinalis – Planta nativa da região mediterrânea, cultivada principalmente em países de clima temperado. A parte da planta utilizada são as folhas. Dentre os principais componentes ativos estão: ácido fenólico como o ácido rosmarínico, óleos essenciais (canfeno, pineno, cineol, borneol, cânfora) e taninos. O óleo essencial de alecrim inibe o desenvolvimento micelial de fungos. O alecrim é usado na forma de chás (infusos) e tinturas (extrato hidroalcoólico) preparados com as folhas secas ou frescas. A atividade antifúngica do óleo essencial de Rosmarinus officinalis L. tem sido objeto de estudo de várias pesquisas1-5.

Orégano – Origanum Vulgare – Planta perene que tem origem da região do Mediterrâneo. Os principais constituintes ativos, 90% deles encontrados no óleo, são dois agentes fenólicos, o carvacrol e o timol, responsáveis pelos efeitos antifúngicos e antimicrobianos. As partes da planta utilizadas são as folhas e flores. O carvacrol possui a propriedade de inibir o crescimento da Cândida albicans e o timol estimula a resposta imune. Em pesquisas in vitro, a concentração de 0,25 mg/ml foi capaz de inibir completamente o desenvolvimento da C. albicans. Já em estudos in vivo, com ratos, foi observado que administração de carvacrol a 8.66 mg/kg de peso corporal foi suficiente para cura em 80% dos casos (resultado similar ao medicamento Amphotericin B)7. Estudos mostram a ação dos principais componentes do óleo essencial, como timol e carvacrol frente à Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Trichosporum beigelli, Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes. Pode ser utilizado no tempero de massas, no pão, vegetais, diretamente na salada, na sopa, deixar na mesa e colocar na comida6-10.

Cravo- Syzygium aromaticum – é uma planta pertencente à família das Myrtaceas da qual é usada o botão floral seco, o qual contém cerca de 15% de óleo essencial cujo principal componente é o eugenol, um alilbenzeno, composto fenólico volátil, que também está presente na canela, por exemplo. O potente efeito bactericida e fungicida atribuído ao óleo de cravo é derivado do composto eugenol. Estudos têm mostrado sua eficácia no tratamento da candidíase11-12.

Óleo de coco – rico em ácido cáprilico (cerca de 7% da gordura do coco) e ácido láurico (cerca de 50% da gordura do coco) que tem como metabólito a monolaurina, uma das substâncias com ação antifúngica, e que não afeta as bactérias da flora intestinal probiótica. Estudos mostram sua ação contra Candida albicans13, F. oxysporum, P. piricola e M. arachidicola14.

Óleo de melaleuca – Melaleuca alternifólia – extraído de uma árvore nativa da Austrália apresenta propriedades antifúngicas e antibacterianas, pois contém Terpinenol-4, responsável por essa ação. A composição química do mesmo consiste basicamente em monoterpenos cíclicos onde o principal responsável pela propriedade antimicrobiana é o Terpinenol-4 e em trabalho realizado mostrou ter potente efeito sobre Candida albicans. Infelizmente, não há ensaios clínicos usando-se o óleo como tratamento da candidíase e a verdadeira prevalência dos efeitos colaterais ainda é desconhecida15-22. A atividade antifúngica do óleo de Melaleuca está mais que comprovada nos trabalhos in vitro, o que sugere um possível efeito positivo quando administrados em humanos, no tratamento da candidiase, entretanto também requer mais estudos para esta aplicação15.

Echinacea – Echinacea purpurea – Planta nativa da região mediterrânea, cultivada principalmente em países de clima temperado. Partes utilizadas: Raiz e rizoma, que também contém os princípios ativos. O chá da erva Echinacea é utilizado para ajudar a prevenir a recorrência de infecções vaginais. De acordo com a instrução normativa n. 05 da ANVISA, esse fitoterápico exige prescrição médica.

Pau d’arco – Tecoma curialis – Conhecido como ipê, é uma árvore oriunda das regiões do cerrado. Têm propriedades antifúngicas devido ao seu princípio ativo chamado lapachol, presente tanto nas cascas do caule como na serragem da madeira. Tomá-lo como um chá (2 colheres de sopa cozido em 1 litro de água;. 3?–?6 xícaras por dia).

Alho – Allium sativum – é usado como fitoterápico há muito tempo, sendo mencionado em 1500AC em uma receita egípcia. Possui ação fungicida, sendo um ótimo aliado contra a Candida, porém deve ser consumido cru. Muitos estudos têm sido desenvolvidos buscando aplicações práticas do alho, baseadas em sua capacidade de inibição de crescimento e lise bacteriana, sendo seus maiores componentes inibitórios a alicina e os tiosulfonatos. Uma dica é colocar o alho (depois de fazer cortes com uma faca) em uma garrafa de cor escura e preencher com azeite de oliva extra virgem. A alicina, um líquido de coloração amarelada, forma-se quando o alho é mastigado ou cortado, rompendo-se as células do bulbo23-26.

Gengibre – Zingiber officinale – o gengibre pode ter efeito bactericida e fungicida. Possui vários constituintes ativos: o gingerol é o principal deles, obtido do rizoma, sendo recomendável usá-lo cru, pois há indícios de que o calor inativa o gingerol, responsável por esta ação. Quanto menor for o tempo de exposição a altas temperaturas mais preservada se encontrará a sua atividade terapêutica. Usado em doses orais de até 2 g/dia, o gengibre é bem tolerado27.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) PANIZZI, L. et al. Composition and antimicrobial properties of essential oils of four Mediterranean Lamiaceae. Journal of Ethnopharmacology; 39(1): 167-70, 1993.
2) LARRONDO, J.V.; AGUT, M.; CALVO-TORRAS, M.A. Antimicrobial activity of essences from labiates. Microbios; 82(1): 171-172, 1995.
3) MANGENA, T.; MUYIMA, N.Y. Comparative evaluation of the antimicrobial activities of essences oils of Artemisia afra, Pteronia incana and Rosmarinus officinalis selected bacteria and yeast strains. Letters in Applied Microbiology; 28 (1): 291-296, 1999.
4) DAFERERA, D.J.; ZIOGAS, B.N.; POLISSIOU, M.G. Analysis of essential oils from some Greek aromatic plants and their fungitoxicity on Penicillium digitatum. Journal of Agricultural and Food Chemistry; 48 (1): 2576-2581, 2000.
5) FENNER, R. et al. Plantas utilizadas na medicina popular brasileira com potencial atividade antifúngica. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; 42(3): 369-94, 2006.
6) LAMPERT, R. J. W.; SKANDAMIS, P.N.; COOTE, P. J. A study of the minimum inhibitory concentration and mode of action of oregano essencial oil, thymol and carvacrol. J Appl Microb; 91:453-462-2001.
7) MANOHAR, V.; INGRAM, C.; GRAY, J. et al. Antifungal activities of origanum oil against Candida albicans. Molecular and Cellular Biochemistry; 228: 111–117, 2001.
8) ROSATO, A.; VITALI, C.; PIARULLI, M.. et al. In vitro synergic efficacy of the combination of Nystatin with the essential oils of Origanum vulgare and Pelargonium graveolens against some Candida species. Phytomedicine; 16; 972–975, 2009.
9) CHAMI, F.; CHAMI, N.; BENNIS, S. et al. Oregano and clove essential oils induce surface Alteration of Saccharomyces Cerevisiae. Phytother. Res.; 19: 405–408, 2005.
10) CHAMI, N.; CHAMI, F.; BENNIS, S. et al. Antifungal treatment with carvacrol and eugenoll of oral candidiasis in immunosuppressed rats. The Braz. J. Infec. Dis.; 8 (3): 217-226, 2004.
11) NÚÑEZ, L.; D’AQUINO, M.; CHIRIFE, J. Antifungal properties of clove oil (eugenia caryophylata) in sugar solution. Brazilian Journal of Microbiology; 32:123-126, 2001.
12) PINTO, E. ; VALE-SILVA, L.; CAVALEIRO, C. et al. Antifungal activity of the clove essential oil from Syzygium aromaticum on Candida, Aspergillus and dermatophyte species. Journal of Medical Microbiology; 58:1454–1462, 2009.
13) OGBOLU, D.O.; ONI, A.A; DAINI, O.A. et al. In vitro antimicrobial properties of coconut oil on Candida species in Ibadan, Nigeria. Journal Med Food; 2:384-7, 2007.
14) WANG, H.X; NG, T.B. An antifungal peptide from the coconut. Peptides; 26, 2392–2396, 2005.
15) CARSON, C.F.; RILEY, T. V. Antimicrobial activity of the major components of the essential oil of Melaleuca alterfolia. J Appl Bacteriol; 78: 264-9, 1995.
16) COX, S. D.; MANN, C. M.; MARKHAM, J. L. The mode of antimicrobial action of the essential oil of Melaleuca alterfolia (tea tree oil). J Appl Microbiol; 88: 170-5, 2000.
17) BLACKWELL, A. L. Tea tree oil and anaerobic (bacterial) vaginosis. Lancet; 337-300, 1991.
18) PISSERI, F.; BERTOLI, A. NARDONI, S. et al. Antifungal activity of tea tree oil from Melaleuca alternifolia against Trichophyton equinum: An in vivo assay. Phytomedicine; 16:1056–1058, 2009.
19) CATALÁN, A.; PACHECO, J.G.; MARTÍNEZ, A. In vitro and in vivo activity of melaleuca alternifolia mixed with tissue conditioner on Candida albicans. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod; 105:327-32, 2008.
20) CONCHA, J.M.; MOORE, L. S.; HOLLOWAY, W. J. et al. Antifungal activity of Melaleuca alterfolia (tea tree) oil against various pathogenic organisms. J Am Podiat Med Assoc; 88: 489-92, 1998.
21) COX, S.D.; MANN, C.M.; MARKHAM, J.L. et al. The mode of antimicrobial action of essential oil of Melalenca alternifolia (tea tree oil). J Appl Microbiol; 88: 170–175, 2000.
22) HAMMER, K.A.; CARSON, C.F.; RILEY, T.V. Antifungal effects of Melaleuca alternifolia (tea tree) oil and its components on Candida albicans, Candida glabrata and Saccharomyces cerevisiae. Journal of Antimicrobial Chemotherapy; 53: 1081–1085, 2004.
23) ANKRI, S.; MIRELMAN, D. Antimicrobial properties of allicin from garlic. Microbes and Infection; 1(2), 125-129,1999.
24) AGARWALL, K. C. Therapeutic actions of garlic constituints. Med Res Rev; 16: 111-24, 1996.
25) PAVLOVA, S. I.; TAO, L. In vitro inh of commercial douche products against vaginal microflora. Infect Dis Obstet Gynecol; 8:99-104, 2000.
26) ANKRI, S.; MIRELMAN, D. Antimicrobial properties of allicin from garlic. Microbes and Infection; 1(2), 125-129,1999.
27) CHRUBASIK, S.; PITTLER, M.H. e ROUFOGALIS, B.D. Zingiberis rhizoma: A comprehensive review on the ginger effect and efficacy profiles. Phytomedicine; 2, 684-701, 2005.
28) GIORDANI, R.; REGLI, P.; KALOUSTIA, J. et al. Antifungal Effect of Various Essential Oils against Candida albicans. Potentiation of Antifungal Action of Amphotericin B by Essential Oil from Thymus vulgaris. Phytother; 18, 990–995, 2004.

*Texto elaborado pela nutricionista Ivania Patrícia Cansi

Mecanismos moleculares dos polifenóis do cacau em doenças relacionadas à obesidade.

A obesidade e doenças metabólicas associadas (diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e hipertensão), são os principais problemas associadas à nutrição no mundo. Uma característica da obesidade é a sua relação com inflamação crônica que tem início no tecido adiposo e eventualmente se torna sistemático. Uma estratégia dietética para reduzir a intolerância a glicose e inflamação é o consumo de alimentos riscos em polifenóis, como o cacau e seus derivados. Dados de pesquisas in vitro e in vivo mostram que polifenóis do cacau podem apresentar propriedades antioxidantes e antinflamatórias. Os polifenóis encontrados no cacau possuem ação na regulação do metabolismo lipídico por induzir a expressão gênica ou ativar fatores de transcrição que regulam a expressão de genes, alguns que exercem importante função no metabolismo energético. Atualmente, alguns alvos moleculares foram identificados por exercerem benefícios nas doenças associadas à obesidade com os efeitos dos polifenóis do cacau. Alguns estudos mostram efeito protetor dos polifenóis do cacau contra doenças metabólicas por suprimirem fatores de transcrição que são antagônicos à acumulação lipídica. Assim, os produtos ricos em polifenóis do cacau podem reduzir doenças metabólicas relacionadas a obesidade por múltiplos mecanismos e ainda reduzirem a inflamação crônica.

Ali, F.; Ismail,A.; Kersten, S. Molecular mechanisms underlying the potential antiobesity-related diseases effect of cocoa polyphenols, Mol. Nutr.Food.Res. 21,2013.

Cardiomiopatia e doença celíaca

A doença celíaca é uma enteropatia imunomediada em indivíduos geneticamente predispostos, desencadeada pela ingestão de prolaminas, fragmentos polipeptídicos do glúten, encontradas no trigo, no centeio, na cevada e na aveia. é considerada a intolerância alimentar mais comum em populações ocidentais, afetando, aproximadamente, 1% da população geral. A doença celíaca apresenta um amplo espectro clínico de sinais e sintomas incluindo diarreia, má absorção, perda de peso, além de manifestações extraintestinais como desordens dermatológicas, osteoporose e, recentemente relatado, cardiomiopatia dilatada idiopática. Apesar de esta última associação ser raramente documentada, a presença da doença celíaca deve ser investigada devido à gravidade da cardiomiopatia dilatada, uma vez que, diagnosticada precocemente, a cardiomiopatia pode ser completamente reversível com o início da dieta isenta de glúten.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Ano 12 – Edição 53 – Setembro de 2012

Hemocromatose e ferritina elevada

A hemocromatose hereditária é uma doença do metabolismo do ferro caracterizada pela absorção excessiva do mineral pelas células intestinais, levando a sobrecarga de ferro predominantemente no fígado, mas também em outros sítios como pâncreas, coração, articulações e glândulas endócrinas, causando danos irreversíveis aos mesmos. A homeostase celular do ferro envolve o controle da sua captação, transporte, armazenamento e exportação. Na hemocromatose hereditária, o gene mutante HFE pode prejudicar a captação do ferro pela transferrina, mediada pelos receptores de transferrina (TfR), em células da cripta intestinal, gerando um falso sinal de que os estoques de ferro estão baixos. Tal sinal resultará no aumento dos transportadores de metais divalentes (DMT-1), responsáveis pela absorção do mineral. Consequentemente, as taxas de transferrina e de ferritina irão apresentar-se elevadas, fato tão característico da patologia. Devido à falta de especificidade dos sintomas, torna-se crucial que os profissionais de saúde mantenham-se vigilantes e consigam fazer uma triagem adequada, observando o histórico familiar positivo e testes bioquímicos de saturação de transferrina e ferritina sérica. Assim, o tratamento da hemocromatose começará nos estágios iniciais da doença, prevenindo maiores complicações e oferecendo uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional

ano 13 – edição 55 – Junho de 2013

Os aditivos e seus efeitos no organismo

A alimentação convencional, geralmente é muito artificializada, repleta de corantes químicos, aromatizantes perigosos e outros ingredientes orgânicos, aos quais se atribui a causa de grande número de enfermidades. E dificilmente o cidadão comum sabe identificar quais são estes aditivos e quais são seus efeitos no organismo. Tentando reverter um pouco este quadro, apresentamos abaixo alguns destes aditivos utilizados nos alimentos industrializados, o significado dos códigos que os representam e os danos que eles podem causar ao organismo:

Antioxidantes

– Ácido fosfórico (H.III): aumento da ocorrência de cálculos renais.

– Ácido nordihidroguairético (AIV): interferência nas enzimas do metabolismo das gorduras.

– Butil-hidroxianisol BHA (AV); Butil-Hidroxitolueno BHT (AVI): ação tóxica sobre o fígado, interfere na reprodução de cobaias de laboratório.

– Fosfolipídios (AVIII): acréscimo do colesterol sangüíneo.

– Gelato de propila ou de octila (AIX): reações alérgicas, interfere na reprodução de animais de laboratório.

– Etilenodiaminote tetracetato de cálcio e dissódico EDTA (AXII): descalcificação e redução da absorção de ferro.

Antiumectantes

– Ferrociante de sódio, cálcio ou potássio (AU.VI): intoxicação dos rins.

Corantes

– Todos (CI) (CII): reações alérgicas, alguns possuem ações tóxicas sobre o feto ou são teratogênicos, ou seja, podem fazer nascerem crianças-monstros; anemia hemolítica; o caramelo, quando preparado de modo inadequado, pode conter substâncias capazes de causar convulsões.

Conservadores

– Ácido Benzóico (PI): alergias, distúrbios gastrintestinais.

– Ésteres do ácido hidroxibenzóico (P 111): dermatite; redução de atividade motora.

– Dióxido de enxofre e derivados (PV): redução do nível de vitaminas B1 nos alimentos; aumenta a freqüência de mutações genéticas em animais de laboratório.

– Antibióticos (oxitetraciclina, clores tetraciclina e outros) (PVI): desenvolvimento de raças de bactérias resistentes aos antibióticos; reação de hiper- sensibilidade.

Edulcorantes

– Sacarina (DI): causa câncer na bexiga de animais de laboratório.

Espessantes

– Em geral: irritação da mucosa intestinal; ação laxante.

Estabilizantes

– Polifosfatos (ET XV ET XI XVIII): elevação da ocorrência de cálculos renais; distúrbios gastrintestinais.

Acidulantes

– Ácido acético em geral: cirrose hepática, descalcificação dos dentes e dos ossos.

Aromatizantes

– Em geral: alergia; retardam o crescimento e produzem câncer em animais de laboratório.

Umectantes

– Dioctil sulfossuccinato de sódio (U 111): distúrbios gastrintestinais circulação pulmonar.

FONTE: Relatório Orion – PUBLICADO POR: Transformação – Janeiro de 1992 – Uma publicação mensal da Visão Mundial e da Missão Editora.

PRINCIPAIS ALIMENTOS QUE CONTÊM ADITIVOS RELACIONADOS A REAÇÕES ADVERSAS

Corantes

Refrescos, refrigerantes, iogurtes, leites aromatizados e fermentados, gelatinas, pós para pudim e similares, sorvetes, chocolates, bolachas recheadas, balas, chicletes e pó para sucos.

Sulfitos (PV)

Refrescos (prontos e em pó), refrigerantes, xaropes para refrigerantes e refrescos e embutidos.

Glutamato Monossódico

Temperos prontos, caldo de carne e galinha, patês, salgadinhos, bolachas aromatizadas, alimentos prontos resfriados.

Antioxidantes (Butil hidroxianisol – AV, Butil hidroxitolueno – AVI) Manteigas, creme vegetal e margarinas, coco ralado, leite de coco, óleos e gorduras, produtos de cacau, produtos desidratados de batata.

 

 

Nhoque de mandioca cenoura e cereias

nhoque de mandioca com cenoura e cereais

Receita:

2 cenouras cozidas amassadas (passar no espremedor)
2 a 3 mandiocas médias amassadas (espremedor)
2 xícaras de mix de farinhas ou flocos de cereais (farinha de aveia, farinha de arroz integral e flocos de quinua moídos)
1 ovo
1 colh sopa de azeite
Sal a gosto

Preparo:
Misturar tudo. Qdo a massa estiver bem compacta, enrolar em formato de cobra, ajudando com um pouco de farinha de aveia, se precisar. Cortar em pedaços (pequenos quadradinhos) e colocar na água fervente por 20 a 25 minutos, deixando cozinhar bem. Retirar e servir com o molho de sua preferência.

Zonulina e glúten

As junções intercelulares, também denominadas de “tight junctions”(TJ), são estruturas dinâmicas envolvidas no transporte de água e eletrólitos através do epitélio intestinal,sendo o principal determinante da permeabilidade intestinal.Após a descoberta da toxina Zonula occludens (Zot), os pesquisadores hipotetizaram que ela poderia mimetizar o efeito de um regulador endógeno das TJs, o que resultou na identificação de um análogo intestinal da Zot, a que chamaram Zonulina (ZON). A ZON representa uma proteína eucariótica e o único mediador fisiológico, até o momento, capaz de abrir reversivelmente as TJs. Recentemente, algumas doenças autoimunes e inflamatórias têm sido relacionadas com alterações na permeabilidade intestinal. Uma das teorias atuais sobre autoimunidade envolve a integridade da mucosa intestinal (sistema das TJs), que pode estar comprometida em algumas situações, permitindo a passagem de antígenos, e subsequente resposta imune deletéria que pode resultar na agressão a tecidos próprios, como, por exemplo,na agressão a tecidos próprios, como, por exemplo, pele, intestino delgado,tireoide ou pâncreas. Dentre os diversos estímulos que podem provocar a liberação da ZON no lúmen intestinal, as bactérias e o glúten estão entre os mais potentes. os diversos estímulos que podem provocar a liberação da ZON no lúmen intestinal,as bactérias e o glúten estão entre os mais potentes. A doença celíaca (DC) e a diabetes mellitus tipo 1 (DM1) são doenças autoimunes que resultam de uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais. Neste sentido, diversos estudos vêm estabelecendo uma relação entre ZON, integridade da barreira intestinal, glúten, DC, DM1, além de outras doenças autoimunes e inflamatórias, bem como neoplasias.doença celíaca (DC) e a diabetes mellitus tipo 1 (DM1) são doenças autoimunes que resultam de uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais. Neste sentido, diversos estudos vêm estabelecendo uma relação entre ZON, integridade da barreira intestinal, glúten, DC, DM1, além de outras doenças autoimunes e inflamatórias, bem como neoplasias.

 

Candidíase e Infecções Fúngicas

A Candida Albicans reside como patógeno oportunista nas cavidades muco-cutâneas da vagina, pele e intestino nos seres humanos. Como este fungo está bem adaptado ao corpo humano, pode colonizá-lo sem produzir sinais de doença (colonização assintomática) em condições fisiológicas normais.

As infecções fúngicas ocorrem em condições fisiológicas alteradas do pH ácido e baixa imunidade, como infância, gestação, diabetes, AIDS e durante administração prolongada (e indiscriminado) de antibióticos de largo espectro, quimioterápicos, corticóides e contraceptivos orais, além de dieta  de carga muito ácida, com consumo regular de açúcar refinado, lactose, carboidratos refinados, álcool, embutidos, cafeína e produtos industrializados.

Além de mudanças dietéticas, alguns princípios ativos são muito estudados e utilizados por seus poderes antifúngicos, como o ácido láurico, biotina, lactobacilos e o alho.

Referência Bibliográfica:
1. Paschoal, V. et al. Nutrição Clínica Funcional. Volume II. São Paulo: Valéria Paschoal Editora, 
2012. (Coleção Nutrição Clínica Funcional).
2. Chronic vaginal candidiasis responsive to biotin therapy in a Carrier of biotinidiase deficiency. Obstet Gynecol; 92: 644-646, 2006.
3. Lucyana de J.H.Kalluf. Fitoterapia Funcional: dos Princípios Ativos à Prescrição de Fitoterápicos – Parte 1—São Paulo: VP Edit.Ltda., 2008. – (Coleção Nutrição Clínica Funcional).

O tratamento funcional de atletas em overtraining

Atualmente, a busca pelo máximo desempenho entre atletas de elite vem contribuindo para o aumento na prevalência da síndrome de overtraining. Tal síndrome caracteriza-se pela redução no desempenho, acompanhada de diversos outros sintomas de cunho fisiológico, imunológico, psicológico e bioquímico, como fadiga, depressão, infecção do trato respiratório, distúrbios do sono, dores musculares, aumento do cortisol, entre outros. O diagnóstico do overtraining é muito difícil, pois os sintomas se confundem com os do pré-overtraining e com os do treinamento normal, sendo necessário a avaliação do desempenho do atleta no esporte através de teste específicos. Existem diversas hipóteses sobre a possível causa e mudanças fisiopatológicas do overtraining, como aumento de citocinas e desequilíbrio neuroendócrino, redução dos estoques de glicogênio, hipótese da fadiga central e diminuição da glutamina, porém nenhuma delas é conclusiva. Com relação ao aporte nutricional, verificou-se uma importância na adequação do aporte proteico na dieta do atleta para a prevenção de sintomas observados na síndrome de overtraining, bem como o impacto positivo da administração de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR), glutamina, probióticos e ômega-3 na modulação do sistema imunológico, redução da fadiga e modulação do humor. Porém, ainda há necessidade da realização de mais estudos bem conduzidos que comprovem tais atividades em atletas.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional – janeiro 2013

Aumento da Permeabilidade Intestinal em Atletas

O exercício físico intenso e prolongado tem sido associado com alterações no trato gastrintestinal. Estudos verificam que grande porcentagem de atletas de endurance apresenta sintomas gastrintestinais relativos ao exercício, sendo as mulheres mais suscetíveis que os homens. O status do treinamento, o tipo, a intensidade e a alimentação antes e durante o exercício representam um papel importante na etiologia do dano gastrintestinal. O estímulo mecânico da mucosa intestinal, e a redução do fluxo sanguíneo pancreático causados pelo treinamento podem prejudicar a permeabilidade intestinal, provocando diarréia. O exercício pode causar também a elevação dos hormônios como a gastrina, motilina, somatostatina, glucagon, além de peptídeos pancreáticos, que podem produzir sintomas gastrintestinais por diferentes mecanismos. O estímulo mecânico e o estiramento da musculatura lisa liberam prostaglandinas, que acelera o trânsito intestinal e inibição da contração colônica. O aumento da permeabilidade intestinal é definido como a entrada por difusão não-mediada de moléculas de tamanho superior a 150 Da em direção ao espaço intersticial, permitindo o fluxo de agentes do lúmen para a mucosa, resultando em inflamação tecidual com redução da função da barreira gastrintestinal. Estudos têm relacionado ainda a relação entre a desidratação e a disfunção gastrintestinal, sendo que o exercício leva a perda de fluidos e eletrólitos na forma de suor, e a redução do volume sanguíneo agrava o reduzido fluxo sanguíneo do TGI, e o ajuste circulatório para o controle do débito sanguíneo resulta em hipóxia e produção de radicais livres, depleção de ATP, acidose e disfunção celular. A exposição a alérgenos alimentares provoca o aumento da permeabilidade intestinal, provavelmente devido à liberação das citocinas inflamatórias. Estudos indicam ainda que o uso de aspirina e antiinflamatórios não-esteroidais promove aumento significativo da permeabilidade intestinal, facilitando a absorção de alérgenos. Esta passagem de agentes agressivos ao lúmen pode gerar uma resposta imune local que envolve a liberação de radicais livres e enzimas, contribuindo para o desenvolvimento de doenças gastrintestinais. Os principais nutrientes envolvidos na recuperação, crescimento e diferenciação celular, proporcionando saúde e integridade da mucosa são: a glutamina, ácidos graxos essenciais, zinco, ácido pantotênico, ácido ascórbico, e probióticos. O estudo concluiu que se faz necessário identificar as causas e conseqüências do aumento da permeabilidade intestinal nos atletas, para controle e prevenção, melhorando seu desempenho e garantindo a saúde do atleta. Sendo assim, deve ser aplicado o programa 4R da Nutrição Funcional, que se baseia em remover ou reduzir fatores estressantes da mucosa, repor fatores digestivos e reinocular o trato digestório.

Anuário Nutrição Esportiva Funcional – Janeiro de 2007