O principal componente do tecido muscular é a água (cerca de 70%). Os 30% restantes são compostos por glicogênio, lipídeos, fosfatos, creatina, etc. Portanto, aumentar a ingestão proteica com base no argumento que proteínas/aminoácidos são os principais componentes do músculo esquelético é infundado. O nível ou estado de treinamento do indivíduo é outro argumento bem utilizado para justificar a ingestão aumentada de proteínas. Ou seja, quanto mais treinado o indivíduo, maior a necessidade de consumo. Entretanto, Lemon et al.4 demonstrou em bodybuilders ganhos equivalentes de massa e força muscular após a ingestão de 2,62 ou 1,35 g de proteína/kg de peso corporal/dia. Assim, a quantidade de proteínas a ser ingerida no período de 24 horas não é um fator determinante uma vez que o padrão dietético da população brasileira é hiperproteico. Ainda, há mais de 100 anos atrás, Chittenden demonstrou que ganhos de massa muscular podem ser obtidos com o consumo habitual de 1 g de proteína/kg de peso corporal/dia.
Estudos mais recentes mostram que a ingestão de 1,2 g de proteína/kg de peso corporal/dia é suficiente para promover ganho de massa muscular. Portanto, os fatores que compõe a quantidade total de proteína a ser ingerida dentro do período de 24 horas são mais representativos sobre as adaptações induzidas pelo treinamento do que a quantidade diária propriamente dita.
Referências bibliográficas
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2. Chittenden RH. The Nutrition of Man. London: Heinamann.; 1907.
3. Moore DR, Del Bel NC, Nizi KI, Hartman JW, Tang JE, Armstrong D, et al. Resistance
training reduces fasted- and fed-state leucine turnover and increases dietary nitrogen retention in previously untrained young men. The Journal of nutrition. 2007;137(4):985-91. Epub 2007/03/22.
4. Hartman JW, Moore DR, Phillips SM. Resistance training reduces whole-body protein
turnover and improves net protein retention in untrained young males. Applied physiology,
nutrition, and metabolism = Physiologie appliquee, nutrition et metabolisme. 2006;31(5):557-64. Epub 2006/11/18.