Vegetariano Atleta

vegetariano

As dietas vegetarianas estão associadas a muitos benefícios à saúde, incluindo menores taxas de mortes por doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer (GIOVANNUCCI  et. al., 1994; THOROGOOD et al., 1994; FRASER et al., 1995) e baixo risco de dislipidemia, hipertensão e obesidade (APPLEBY  et  al.,  1995).  De forma similar, os benefícios das dietas vegetarianas sobre a melhora da aptidão física e da performance têm sido analisados ao longo dos anos. HANNE et al (1986) demonstrou não existir diferenças significativas nas variáveis: aptidão física, antropométricas, metabólicas (incluindo capacidade aeróbia e anaeróbia), força, função pulmonar e níveis séricos de proteína e hemoglobina entre atletas ovo-lacto-vegetarianos, lacto-vegetarianos e vegetarianos. Esse resultado confirmou os apresentadados por RABEN et al (1992) que demonstraram não haver diferenças na performance física de atletas de resistência quando estes são alimentados com dietas vegetarianas ou não vegetarianas durante um período de 6 semanas. Os valores hematológicos, antropométricos e metabólicos de mulheres vegetarianas fisicamente ativas foram comparados aos de mulheres não vegetarianas fisicamente ativas. Embora as vegetarianas tivessem valores de glicose   sanguínea e colesterol significativamente menores, não houve diferença entre os grupos na capacidade cardiorrespiratória submáxima ou máxima e no eletrocardiograma durante teste progressivo em esteira (NIEMAN et al., 1989).

Representa um determinante crítico da resposta imune (a nutrição), e dados epidemiológicos sugerem que deficiências nutricionais alteram a resposta imunológica e aumentam os riscos de infecções. RICHTER et al (1991) demonstrou que a função imune de atletas que consomem uma dieta rica em proteína animal, é similar à de atletas que consomem uma dieta lacto ovo- vegetariana.

Em relação as alterações hormonais, alguns estudos sugerem que uma proporção significativa de atletas amenorreicas é vegetariana (ROSE et al., 1991; PEDERSEN et al., 1991). No entanto, existe evidência crescente de que a baixa ingestão energética, e não a qualidade da dieta, é a principal causa de oligomenorréia em atletas e que, o equilíbrio positivo, normaliza o perfil hormonal e a menstruação. O esforço para manter ciclos menstruais normais deve incluir ingestão maior de alimentos energéticos e gorduras, redução de fibras e do treinamento extenuante (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).

Em relação as proteínas, geralmente as dietas vegetarianas fornecem uma menor quantidade que as dietas não-vegetarianas.  Embora a qualidade da proteína de dietas vegetarianas seja adequada para os adultos, as proteínas vegetais não são bem absorvidas como as proteínas animais em eficiência.  Sendo assim, aumenta-se em 10% a quantidade proteica consumida. Portanto, a recomendação de ingestão para atletas vegetarianos é cerca de 1,3 a 1,8g/ Kg de peso corporal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Sabemos que as dietas vegetarianas possam ser mais pobres em proteínas totais, a ingestão de proteínas tanto em ovo-lacto-vegetarianos quanto em vegans parece ser adequada (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION,   1997). A adequada   ingestão   calórica é um importante fator para se suprir as necessidades diárias de proteínas em atletas.

A suplementação com a creatina foi sugerida como recurso ergogênico para atletas que realizam sessões repetidas de exercícios de alta intensidade e curta duração. Indivíduos vegetarianos, quando comparados aos não- vegetarianos, demonstram menores níveis plasmáticos de creatina (DELANGHE et al., 1989), isso não quer dizer que reflete na diminuição de seu conteúdo muscular. Em estudo com indivíduos vegetarianos, os níveis teciduais de creatina estão dentro do normal (115 mmol/Kg). Um estudo randomizado e duplo-cego foi incapaz de verificar qualquer efeito da creatina sobre a potência física de atletas vegetarianos (CLARYS et al., 1997). SHOMRAT e colabores (2000) suplementaram creatina em vegetarianos e onívoros por uma semana, e a performance no teste anaeróbio de Wingate foi determinada antes e após essa suplementação.  Os resultados mostraram que ambos tiveram maior massa muscular e média de força máxima durante os testes. Porém, o pico de força máxima foi significantemente maior pela suplementação nos onívoros. Concluiu-se que a ingestão de creatina responde similarmente no aumento da média de força máxima durante exercício máximo e curto. É possível que os níveis de creatina (e de fosfocreatina) muscular antes da suplementação eram similares em ambos grupos.

Em relação as vitaminas e minerais, a absorção de alguns nutrientes pode ser potencialmente inibida em dietas vegetarianas pela presença de dois antinutrientes: fitato (grãos), tanino (chás) e fibra alimentar (principalmente as insolúveis). Mas os alimentos vegetais também contêm substâncias que aumentam a absorção dietética do ferro, como a vitamina C e o ácido cítrico que são encontrados em frutas e vegetais (CRAIG, 1994; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). A baixa ingestão de vitaminas B12 e D, riboflavina, ferro, cálcio e zinco, já que boas fontes destes nutrientes são encontradas em alimentos de origem animal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997), atletas vegetarianos podem desenvolver deficiências. A deficiência da vitamina   B12   nos vegetarianos foi acompanhado pelo aumento da suscetibilidade de algumas infecções (TAMURA et al., 1999). Como a necessidade de vitamina B12 é pequena e ela é tanto armazenada quanto reciclada no corpo, os sintomas da deficiência podem demorar anos para aparecer. A absorção de vitamina B12 torna-se menos eficiente conforme o corpo envelhece, e assim, os suplementos podem ser aconselhados para todos os vegetarianos mais velhos (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). O ferro, é um nutriente importante, já que em dietas vegetarianas a sua biodisponibilidade é baixa (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Entretanto, um estudo realizado com mulheres australianas, mostrou que não houve diferença significativa na ingestão de ferro total e que a concentração sérica de ferritina menor que 12 g/L (indicadora de baixa reserva de ferro) foi encontrada similarmente entre os dois grupos.  A concentração de hemoglobina não foi significantemente diferente (BALL & BARTLETT, 1999). A presença da anemia em vegetarianos é rara (NIEMAN et al., 1989).

Conclusão: American Dietetic Association (ADA) diz que as dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças. Dietas vegetarianas também podem atender à necessidade de atletas competitivos. As dietas vegetarianas que atendem às necessidades energéticas e incluem boas fontes proteicas (por exemplo, alimentos à base de soja, feijões, ervilhas, arroz) podem fornecer quantidade adequada de proteína sem o uso de suplementos especiais ou suplementos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1.  POSITION     OF     THE     AMERICAN     DIETETIC     ASSOCIATION: VEGETARIAN DIETS.J Am Diet Assoc,. 97:1317-1321, 1997.
  2.  APPLEBY, PN et al.Journal of Human Nutrition diet, 8:305-314, 1995.
  3.  BALL,  MJ  &  BARTLETT,   MA.  American   Journal  Clinical  Nutrition, 70:353-8, 1999.
  4.  CRAIG,  WJ.  American  Journal  Clinical  Nutrition,  59(suppl):1233S-7S, 1994.
  5.  FRASER,  GE et. al.American  Journal  of Epidemiology,  142:746-758, 1995.
  6.  GIOVANNUCCI, E. et al.Cancer Research, 54:2390-2397, 1994.
  7.  HANNE,  N  et  al.  Journal  of  Sports  Medicine  and  Physical  Fitness, 26:180-185, 1986.
  8.  RABEN,  A.  et  al.  Medicine  Science  Sports  Exercise,  24:1290-1297, 1992.
  9.  RICHTER,   EA   et   al.   Medicine   Science   Sports   Exercise,   23:517- 521,1991.
  10. ROSE,  DP  et  al.  American  Journal  of  Clinical  Nutrition,  54:520-525, 1991.
  11. NIEMAN, DC et al.International Journal of Sports Medicine, 10:243-250, 1989.
  12. PEDERSEN,  AB et al.American  Journal of Clinical Nutrition.  53:879 – 885, 1991.
  13. TAMURA, J et al.Clin Exp Immunol, 116:28-32, 1999.
  14. THOROGOOD, M et al.British Medical Journal, 308:1667-1670, 1994.

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