O veganismo tem ganhado cada vez mais atenção no campo da nutrição, sobretudo no âmbito da Nutrição Esportiva. Esse estilo de vida – marcado pela ausência de consumo de alimentos e produtos, alimentícios ou não, com origem e teste em animais – e uma das vertentes, o vegetarianismo, desperta muitas dúvidas comuns, como em relação à possibilidade de o adepto manter uma boa performance na prática de endurance, por exemplo.
De acordo com Nebl et. al (2019) a prevalência de corredores vegetarianos e veganos está aumentando, e isso pode ser positivo para esses atletas, visto que é característica dessas dietas ser à base de carboidratos – os quais contribuem com o fornecimento de energia para a prática de tais atividades. Entretanto, ainda segundo os estudiosos, já é sabido que “vegetarianos e especialmente veganos apresentam níveis de ferritina mais baixos, enquanto que os níveis de hemoglobina e a ocorrência de anemia são quase indistinguíveis dos de onívoros” (NEBL et al., 2019, traduzido pelo autor). O mesmo estudo ainda destaca que “a dieta vegana normalmente tem ingestão reduzida de proteínas, creatina e carnitina, o que poderia impactar negativamente a performance” (NEBL et al., 2019, traduzido pelo autor).
Sendo assim, é evidente que a fonte do problema está no desequilíbrio das dietas – veganas ou não – pois, somente assim, elas podem prejudicar o atleta na prática da atividade física, como o endurance. No caso de dietas veganas desequilibradas, há um risco maior para algumas deficiências, tanto de macronutientes, como as proteínas, quanto de micronutrientes, como vitamina B12, vitamina D, e minerais como ferro, zinco, cálcio e iodo (ROGERSON, 2017), de grande importância para uma boa performance.
Todavia, se houver a distribuição adequada de macro e micronutrientes, atingindo a energia necessária de cada atleta individualmente, há estudos, segundo Rogerson (2017), que defendem que essas dietas podem, inclusive, ser benéficas para a perfomance. Isso ocorreria devido a sua caracerística antioxidante, ao maior consumo de alguns micronutrientes – como vitamina C e E – e também à maior ingestão de carboidratos, o que, além dos efeitos positivos na própria prática da atividade, contribui para uma recuperação mais rápida.
Percebe-se então que com os cuidados adequados quanto ao aporte energético e à presença de macro e de micronutrientes em quantidades específicas e suficientes para cada atleta, é possível que atletas sejam veganos e mantenham alto rendimento, desde que seja estabelecida uma boa estratégia de reposição de aminoácidos, com destaque para os BCAA’s – do inglês, Branched-Chain Amino Acids, ou aminoácidos de cadeia ramificada – e vitamina B12, por exemplo, garantindo uma recuperação adequada.
Referências bibliográficas:
1. COUCEIRO, Patricia et al. Padrão alimentar da dieta vegetariana. Einsten, São Paulo, ano 2008, v. 15, p. 365-373, 17 jul. 2018. Disponível em: http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/518-v6n3aRW518portp365-73.pdf. / 2. NEBL, Josefine et al. Exercise capacity of vegan, lacto-ovo-vegetarian and omnivorous recreational runners. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 16, 20 maio 2019. Disponível em: https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-019-0289-4. / 3. ROGERSON, David. Vegan diets: practical advice for athletes and exercisers. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 14, 13 set. 2017. Disponível em: https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-017-0192-9.
Fonte: Vitafor