Como peça-chave no metabolismo de ácidos graxos e na produção de energia, o papel da L-carnitina em diversas indicações tem sido assunto de pesquisas científicas. A L-carnitina tem sido usada como um auxílio ergogênico por atletas profissionais e como suplemento alimentar na população fisicamente ativa. Inúmeros estudos em humanos realizados em indivíduos saudáveis, atletas de treino de resistência, ou homens e mulheres sem treino avaliou o efeito do suplemento nutricional na performance física, consumo de oxigênio ou força muscular. Mais recentemente, a pesquisa clínica direcionou-se para avaliar a hipótese de que a ingestão de L-carnitina facilita o processo de recuperação pós-exercício. Dados científicos indicam que a população atlética pode beneficiar-se da ingestão da L-carnitina, uma vez que ela atenua os efeitos colaterais do treino de alta intensidade por reduzir a magnitude da hipóxia induzida por exercício e a lesão muscular.
Sob condições saudáveis e na ausência de estresse, a disponibilidade de L-carnitina não é um fator limitante na ß-oxidação de ácidos graxos. Sua homeostase é altamente regulada pela biodisponibilidade, transporte e excreção urinária. Porém, em condições anormais, como deficiência de carnitina congênita ou adquirida, hemodiálise, ou em indivíduos sarcopênicos ou frágeis, tem sido demonstrado que a suplementação com L-carnitina aumenta a performance física, a massa e a função muscular. O declínio muscular relacionado à idade pode ser revertido tanto por meio de atividade física quanto por medidas nutricionais. Enquanto o exercício de resistência pode ser árduo em idosos, a suplementação nutricional em conjunto com exercícios moderados pode ser uma estratégia em potencial para retardar a sarcopenia, uma das marcas da fragilidade, em adultos mais velhos.
Um número crescente de estudos em animais forneceu evidências para os mecanismos multifacetados pelos quais a L-carnitina exerce sua ação benéfica no aumento da síntese proteica e na redução da degradação muscular. Além disso, postula-se que a regulação da homeostase mitocondrial pela L-carnitina durante o envelhecimento impacta a deterioração relacionada à idade. Dessa maneira, a suplementação alimentar com L-carnitina pode contribuir para auxiliar durante o processo de envelhecimento por impedir a progressão da redução da massa e da função muscular, bem como a neurodegeneração. Pesquisas adicionais são necessárias nessa área.
Para concluir, dado o impacto das consequências estruturais e sintomáticas dos exercícios de alta intensidade, isto é, danos dos sarcômeros e dor, que não apenas reduzem a qualidade de vida, mas diminuem a capacidade de treinos posteriores, a facilitação da recuperação do exercício pela suplementação com L-carnitina é particularmente benéfica para a população jovem, saudável e ativa. Além disso, idosos passando por redução de massa magra e função muscular, redução do conteúdo muscular de L-carnitina e disfunção mitocondrial também podem se beneficiar do impacto positivo da suplementação com L-carnitina. Em particular, com o crescente número de indivíduos idosos praticantes de exercícios moderados, o papel da L-carnitina nesse grupo continuará ganhando importância.
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https://essentia.com.br/artigo/artigos/lamina-l-carnitina.pdf?utm_campaign=email_cla__l-carnitina&utm_medium=email&utm_source=RD+Station