Nesse cenário de crescimento vigoroso, cada vez mais profissionais de saúde vêm aplicando abordagens alternativas, como o estímulo à atividade física regular, para prevenir e controlar transtornos mentais como ansiedade e depressão. E para melhor entender a relação entre a prática de exercícios físicos e a promoção da saúde mental, selecionamos trabalhos que estudaram a dinâmica dessa conexão e mediram seus benefícios.
O percentual de indivíduos com transtorno de ansiedade que procuram atendimento é considerado baixo. Uma possível explicação é que os sintomas associados aos transtornos de ansiedade são comumente interpretados como respostas normais à adversidade social. Além disso, modelos causais biomédicos rigorosos são considerados escassos.
Os tratamentos mais comuns para transtornos de ansiedade incluem antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação da serotonina, e terapia cognitivo-comportamental. No entanto, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina podem ter efeitos colaterais negativos, como aumento de peso, agressividade e suicídio. Ao mesmo tempo, a terapia cognitivo comportamental tem sido apenas moderadamente eficaz, com a necessidade de identificação de tratamentos mais eficazes.
O treinamento físico estruturado e repetitivo é eficaz na redução dos sintomas de ansiedade em pessoas com e sem transtornos de ansiedade, incluindo aquelas com doença crônica. Essa é uma das conclusões de uma revisão sistemática e meta-análise publicada em American Journal of Preventive Medicine.
Com base em 24 estudos – que analisaram mais de 80.000 indivíduos – a pesquisa encontrou evidências que demonstraram os benefícios do exercício por si só, ou como um aditivo a outros tratamentos, para pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada e sintomas de ansiedade.
Uma das hipóteses biológicas levantadas para a associação entre atividade física e redução da ansiedade é a de que as pessoas com transtorno de ansiedade generalizada e fobia social exibem volumes hipocampais diminuídos, enquanto há um corpo crescente de literatura demonstrando que o exercício pode melhorar o funcionamento e o volume do hipocampo.
Em outra linha, uma revisão narrativa abrangente concluiu que inflamação, estresse oxidativo e de nitrogênio, e a consequente alteração nas neurotrofinas, neurogênese e neuroplasticidade, podem desempenhar um papel na patogênese dos transtornos de ansiedade, e a atividade física é recomendada por influenciar as mesmas vias.
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Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias e
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Anedonia: perda de interesse por atividades anteriormente apreciadas.
Além disso, esses sintomas devem estar acompanhados de três dos sintomas abaixo:
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Alteração de peso: perda ou ganho de peso não intencional;
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Distúrbio de sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
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Problemas psicomotores: agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias;
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Falta de energia: fadiga ou perda de energia, diariamente;
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Culpa excessiva: sentimento permanente de culpa e inutilidade;
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Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar ou concentrar-se;
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Idéias suicidas: pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.
Assim como nos casos de ansiedade, o tratamento para a depressão também é amplamente baseado nos inibidores seletivos da recaptação da serotonina. No entanto, dados mostram que esses medicamentos são totalmente eficazes apenas para um terço dos pacientes deprimidos, o que ressalta a necessidade de novas abordagens terapêuticas.
Segundo uma revisão sistemática e meta-análise que compreendeu 111 estudos – com a participação de mais de 3 milhões de indivíduos -, a associação entre atividade física e menor probabilidade de depressão foi observada não apenas em casos incidentes, mas também para pessoas com sintomas subclínicos de depressão.
Assim, como a depressão é um continuum de normal à função patológica, uma associação favorável entre atividade física e os sintomas depressivos subclínicos pode fornecer proteção clínica para pessoas com risco de depressão incidente.
Além disso, concluíram que qualquer nível de atividade física atenua o risco de depressão, mas níveis moderados e elevados de atividade estão mais associados a um risco menor. Constatadas entre adultos, essas conclusões independem do sexo, idade, período de acompanhamento ou país da pesquisa.
Como a natureza dinâmica do cérebro é sustentada pelo conceito de neuroplasticidade (capacidade do cérebro de mudar e se reorganizar em resposta a influências), os distúrbios cerebrais podem, até certo ponto, ser considerados doenças da neuroplasticidade. Assim, estimular a neuroplasticidade está se tornando uma abordagem popular para estimular a saúde mental.
De acordo com uma revisão publicada em Frontiers in Human Neuroscience, o exercício aeróbio pode ter forte influência na indução da neuroplasticidade e na promoção do desempenho cognitivo. De acordo com a literatura analisada, a neurogênese, a plasticidade sináptica e a vascularização dentro do hipocampo representam os três mecanismos neuroplásticos primários que são estimulados pelo exercício aeróbio para promover o funcionamento hipocampal.
Isso é importante para a promoção da saúde mental, uma vez que o hipocampo, por meio da sua densa conectividade com o córtex pré-frontal e a amídala, está ligado à regulação emocional. Além disso, desempenha um papel importante na regulação da inibição de feedback do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Assim, o bom funcionamento do hipocampo pode contribuir para impulsionar a regulação do processamento emocional e respostas ao estresse, que são funções deficitárias em pacientes com depressão.
A nível celular, a literatura sugere que a neurogênese, a plasticidade sináptica e a vascularização dentro do hipocampo representam os três mecanismos neuroplásticos primários que são estimulados por exercícios aeróbicos para promover o funcionamento hipocampal.
Em via de mão dupla, o estudo indica que os medicamentos antidepressivos podem ser úteis para “preparar” os pacientes com depressão para responder melhor a uma intervenção com exercícios aeróbicos. Por outro lado, as intervenções com exercícios aeróbicos podem ajudar a combater efeitos colaterais induzidos pelos medicamentos.
Tanto o estresse agudo quanto o crônico são conhecidos indutores de estados pró-inflamatórios, facilitando a proliferação excessiva de citocinas pró-inflamatórias. Algumas citocinas pró-inflamatórias podem modular diretamente os níveis de serotonina por meio da indução de indoleamina-2,3-dioxigenase, que leva à depleção de triptofano e serotonina e à produção de catabólitos de triptofano, incluindo quinurenina e ácido quinolínico. Essas substâncias são ansiogênicas e depressogênicas e são conhecidas por induzir estresse oxidativo e prejudicar os mecanismos respiratórios mitocondriais normais.
Segundo revisão publicada em Neuroscience and Biobehavioral Reviews, a atividade física demonstra efeitos protetores da neurogênese e de aumento dos fatores neurotróficos, incluindo BDNF e fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1). Dados os efeitos anti-neuroinflamatórios do IGF-1, esse pode ser outro mecanismo anti-neuroinflamatório da atividade física. Outras evidências apontam para um papel importante para o fator de crescimento endotelial vascular na mediação do efeito da atividade física na neurogênese.
Legenda:
AIC: citocina antiinflamatória; BDNF: fator neurotrófico derivado do cérebro; CMI: imunidade mediada por células; GPx: glutationa peroxidase; IL-1ra: antagonista do receptor da interleucina-1; IL-6: interleucina-6; IL-8: interleucina-8; IL-1?: interleucina-1-beta; IL-10: interleucina-10; IO&NS: estresse inflamatório, oxidativo e de nitrogênio; M-SOD: superóxido dismutase contendo manganês; MDA: malondialdeído; O2- : superóxido; O&NS: estresse oxidativo e de nitrogênio; RNS: espécies reativas de nitrogênio; ROS: espécies reativas de oxigênio; sIL-2R: receptor de interleucina-2 solúvel; SOD: superóxido dismutase; STAT-3: transdutor de sinal e ativador de transcrição 3; sTNF-R: receptor do fator de necrose tumoral solúvel; TBARS: substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico; TNF?: fator de necrose tumoral alfa; UNCP2: proteína desacopladora mitocondrial 2
A inflamação foi identificada como um potencial contribuinte para o desenvolvimento da depressão, sugerindo que terapias anti-inflamatórias, como o exercício físico regular, podem ser eficazes na prevenção e controle dos sintomas depressivos.
As duas principais citocinas pró-inflamatórias implicadas no comportamento de doença e seus sintomas depressivos associados são fator de necrose tumoral alfa (TNF-?) e interleucina-1 beta (IL-1?). Quando essas citocinas são injetadas perifericamente no sangue, elas entram no cérebro, ativam a microglia e amplificam a atividade das citocinas. Isso causa alterações no metabolismo dos neurotransmissores, na função neuroendócrina e nos sintomas comportamentais que são comuns em indivíduos com depressão maior, sugerindo que eles podem contribuir para a etiologia do transtorno.
Estudo clínico publicado em Biological Psychology examinou o efeito de seis semanas de treinamento físico na saúde mental e citocinas pró-inflamatórias de 61 indivíduos entre 18 e 30 anos classificados anteriormente como sedentários. O grupo é integralmente formado por estudantes universitários, que são conhecidos por apresentarem um risco maior de desenvolver depressão do que a população em geral.
Os alunos foram divididos em três grupos:
- Treinamento moderado contínuo
- Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT)
- Grupo de controle sem treinamento.
Após seis semanas, os pesquisadores concluíram que, em uma população não clínica sob estresse persistente, o exercício de intensidade moderada reduziu sensivelmente os níveis de depressão, estresse percebido e indicadores de inflamação. Por outro lado, embora o exercício intervalado de alta intensidade tenha um efeito semelhante sobre os sintomas depressivos, ele induziu níveis mais elevados de percepção de estresse e inflamação.
Figura 1: O impacto da intensidade do exercício na saúde mental. Mudança na depressão, ansiedade e estresse percebido após o treinamento intervalado de alta intensidade (HIT), treinamento contínuo de intensidade moderada (MCT) e sem exercício (CON).
Figura 2: O impacto da intensidade do exercício nas citocinas pró-inflamatórias. Mudança no TNF-? e IL-6 após seis semanas de treinamento intervalado de alta intensidade (HIT), treinamento contínuo de intensidade moderada (MCT) e nenhum exercício (CON).
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