A obesidade, principalmente a adiposidade visceral, está associada com uma inflamação crônica sistêmica de baixo grau, indicada pelo aumento dos marcadores inflamatórios. Indivíduos obesos apresentam níveis elevados desses marcadores quando comparados com indivíduos magros.
A inflamação sistêmica está relacionada com um aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 na obesidade. Estudos epidemiológicos mostram que a inflamação persistente é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, derrame cerebral, diabetes e outras causas de mortalidade.
Os distúrbios metabólicos associados com a obesidade e a síndrome metabólica podem ser conseqüências da produção de citocinas pelos adipócitos. A inflamação crônica pode representar o gatilho da origem da síndrome metabólica: super-nutrição, inatividade física e o envelhecimento podem promover a hipersecreção de citocinas e eventualmente levar à resistência a insulina e diabetes em indivíduos geneticamente predispostos. O tecido adiposo é um órgão secretório ativo, que produz moléculas inflamatórias e imunes que podem estar envolvidas nas complicações relacionadas com a obesidade.
A perda de peso, alcançada por meio de uma dieta hipocalórica, melhora o perfil inflamatório de indivíduos obesos por meio da diminuição dos fatores pró-inflamatórios e aumento das moléculas anti-inflamatórias.
Considerando-se a ação das substâncias pró-inflamatórias, condições patológicas associadas à inflamação, como as alergias alimentares, podem estar envolvidas na patogênese da obesidade em indivíduos predispostos, já que os imunocomplexos alergênicos IgG e IgM potenciaizam o ambiente inflamatório.
Assim, o controle do processo inflamatório parece ser fundamental para a melhora da qualidade de vida de indivíduos obesos. Nesse contexto a Nutrição Clínica Funcional tem um papel fundamental na prevenção da síndrome metabólica, já que pode agir diretamente nos indicadores inflamatórios encontrados em pacientes obesos, melhorando principalmente os estados inflamatórios associados com as alergias alimentares.
Anuário Nutrição Clínica Funcional
Ano 6 – Edição nº27 – Outubro de 2005