Muitos estudos demonstraram que o trabalho muscular intenso gera quantidades de espécies reativas de oxigênio. Para prevenir o estresse oxidativo, o organismo apresenta um grande número de antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos, que previnem a formação de espécies reativas de oxigênio ou eliminá-las. O estresse oxidativo pode levar à destruição de lipídios, proteínas, ácidos nucléicos, causando diminuição da performance física, fadiga muscular, estresse muscular e overtraining, e o óxido nítrico inibe a contração do músculo esquelético. A contração e o relaxamento muscular produz uma ação concêntrica, e quando o músculo esquelético se estira para produzir força, o resultado é uma ação muscular excêntrica. O gasto de oxigênio é menor para uma ação excêntrica do que para uma ação concêntrica, mas mesmo na ação excêntrica ocorre importante dano muscular, com a diminuição da sensibilidade muscular e aumento da atividade da creatina quinase, indicando a ação da proteína muscular. No exercício excêntrico ocorre maior aumento dos neutrófilos, estes migram para o local da lesão e ocorre a liberação de lisoenzimas e radicais de oxigênio, que aumentam a quebra de proteínas. Os neutrófilos no músculo e nas células mononucleares podem ser fontes de radicais livres, que causam aumento nas lesões. Em adição à capacidade de fagocitar o tecido lesado, os monócitos secretam citocinas como a interleucina-1 e o fator de necrose tumoral, que participam de eventos metabólicos e afetam todos os órgãos e tecidos do organismo. Estudos concluem que o estresse oxidativo é o principal estimulante para a produção de citocinas induzidas pelo exercício, processo que envolve os monócitos. Recentes estudos concluíram também que a suplementação oxidante aumenta a atividade enzimática antioxidante da superóxido dismutase e da catalase nos neutrófilos. Com o avanço da idade, a modulação da redução da contração muscular pode ser alterada por mudanças na razão de produção de espécies reativas de oxigênio e óxido nítrico, e nos níveis endógenos de antioxidantes. O dano intrínseco observado nos indivíduos mais velhos pode ser devido ao acúmulo das formas oxidadas das proteínas, fato que pode indicar que com o avanço da idade o aumento na razão da peroxidação lipídica é maior do que o aumento nas atividades das enzimas antioxidantes. Outros estudos observaram uma resposta dos neutrófilos mais atenuada em homens mais velhos quando os mesmos foram comparados com homens mais jovens. Podemos concluir pelos trabalhos que existe uma clara associação entre estresse muscular induzido pelo exercício, estresse metabólico, hormonal ou inflamatório. É necessário então, maiores estudos sobre os nutrientes antioxidantes para sua utilização na prática clínica.
Anuário Nutrição Esportiva 2004
Ano 5 – Edição nº23 – Abril de 2004