O avanço progressivo da ciência tem gerado um aumento positivo da expectativa de vida em países com maior desenvolvimento. Projeta-se que, em 2050, mais de um terço da população em países de alta renda apresentará idade de 60 anos ou mais. A grande preocupação por parte da saúde pública e dos profissionais envolvidos no atendimento integrado do paciente é o risco elevado de desenvolvimento de doenças crônicas, redução da produtividade e da qualidade de vida, despertando, assim, um alto interesse em iniciativas de prevenção e reversão do processo de envelhecimento funcional.
Diferentes teorias são atribuídas aos mecanismos associados ao envelhecimento, visto que esse processo é objeto de estudo na literatura científica. Ao nível molecular, a primeira teoria do envelhecimento é associada ao encurtamento dos telômeros, extremidades de cromossomos que determinam a expectativa de vida. Outros fatores moleculares como instabilidade genômica e alterações epigenéticas também estão ligados à senescência. Tais aspectos se manifestam ao nível fisiológico, que resulta em inflamação crônica, disfunção de organelas, mudanças no metabolismo corporal e função neuronal.
Uma condição clínica que pode comprometer a qualidade de vida ao longo do envelhecimento é a sarcopenia, caracterizada pelo rápido declínio na massa musculoesquelética e função física, prejudicando processos metabólicos vitais. Os baixos níveis de aptidão física, que pode ocorrer também pela insuficiência da ingestão proteica na alimentação, acarretam distúrbios como fraqueza, incapacidade e aumento da hospitalização nesses pacientes.
Por isso, é essencial destacar o papel da nutrição individualizada em associação a um programa de treinamentos físicos para se alcançar a longevidade de forma saudável. O aporte extraproteico é indispensável na dieta após os 40 anos. Além do processo sarcopênico, a inflamação corporal decorrente de alterações patológicas e na microbiota intestinal, por exemplo, elevam a degradação proteica muscular, gerando um comprometimento físico maior. Por isso, torna-se essencial a suplementação de proteínas de qualidade nessa fase da vida.
O microbioma intestinal como regulador da longevidade celular!
O papel do intestino como órgão regulador da homeostase corporal é comprovado nos estudos da ciência mais recentes. A típica composição bacteriana pode variar de indivíduo para indivíduo, contudo determinados filos constituem, de forma generalizada, 40 a 70% da composição da microbiota humana, com destaque aos Firmicutes.
Com o envelhecimento populacional, a prevalência de doenças metabólicas também se elevou. A disbiose no microbioma intestinal e nos metabólitos microbianos induz modificações na integridade da barreira do intestino, aumentando a passagem de componentes patogênicos para a corrente sanguínea, efeito que desencadeia ativação de processos inflamatórios. Alterações no microbioma intestinal ao longo do envelhecimento também exercem impacto no eixo do intestino-cérebro, dificultando os sinais neurais, endócrinos e imunológicos entre o intestino e o cérebro.
As biomoléculas produzidas endogenamente por micróbios comensais no trato gastrointestinal exercem diferentes funções na homeostase corporal, especialmente com capacidade imunomoduladora. Essas biomoléculas incluem vitaminas, hormônios e produtos de fermentação como ácidos graxos de cadeia curta e exopolissacarídeos. O ácido colânico é um dos exopolissacarídeos secretados extracelularmente por bactérias, assim, sendo capazes de promover a fissão mitocondrial e aumentar a resposta proteica mitocondrial sob condições de estresse, condição que pode favorecer a longevidade.
Uma prática chinesa que vem sendo estudada nos últimos anos, em busca de recuperação da saúde da microbiota do intestino, é o Transplante de Microbiota Fecal (TMF), usado majoritariamente para tratamento de episódios recorrentes e refratários de infecções gastrointestinais. O TMF é feito através da introdução da microbiota de um doador saudável para recuperar a composição bacteriana e melhorar parâmetros imunológicos e metabólicos. Apesar de ser uma intervenção antiga, ainda é preciso de mais trabalhos na literatura científica que comprovem sua real eficácia e viabilidade na prática clínica para ser usada como estratégia futura.
O envelhecimento saudável pode ser alcançado com a modulação da dieta e a suplementação eficiente, que são capazes de regular positivamente o metabolismo e favorecer a saúde da microbiota intestinal.
Fonte: Vitafor