Os carotenoides são uma grande família de substâncias derivadas da vitamina A e de aparência laranja, vermelha e amarela, que desempenham papéis antioxidantes. A concentração de carotenóides na pele depende da ingestão ou suplementação dietética, além de sua biodisponibilidade. Após a absorção no intestino e o transporte para a pele, os carotenoides se acumulam principalmente na epiderme.
Estudos indicaram efeitos fotoprotetores de muitos carotenoides, particularmente betacaroteno, mas também licopeno, luteína, astaxantina e zeaxantina. Além das propriedades diretas de absorção de luz, os carotenoides fornecem fotoproteção endógena e contribuem para a prevenção de danos por ultravioleta. Isso se dá por seus efeitos antioxidantes bem conhecidos:
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eliminação de espécies reativas de oxigênio que levariam à fotoinativação de enzimas antioxidantes e
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Inativação da peroxidação lipídica e da indução de danos ao DNA.
Além disso, os carotenoides interferem na expressão gênica induzida pela luz ultravioleta, modulam a sinalização dependente do estresse e suprimem as respostas celulares e teciduais, como inflamação.
Dosagem e duração
Os efeitos fotoprotetores sistêmicos dessa pró-vitamina dependem da dose e da duração do tratamento. Na maioria dos estudos de intervenção com carotenoides, a fotoproteção foi observada somente após um mínimo de 10 semanas de ingestão alimentar ou suplementação, com doses superiores a 12 mg / dia.
Confira algumas descobertas sobre os carotenoides:
Betacaroteno
Em estudo com 30 mulheres saudáveis com mais de 50 anos, a suplementação com betacaroteno melhorou as rugas faciais e a elasticidade. Outros efeitos positivos também foram observados, mas tiveram variação de acordo com a dosagem administrada. Os níveis de mRNA do procolágeno tipo I, por exemplo, aumentaram significativamente apenas no grupo de dose baixa (30mg/dia), contra um crescimento discreto no grupo que ingeriu 90mg/dia.
Fig. 1. Alterações nas rugas faciais medidas pelo Visiometer em cada grupo de tratamento. Os valores do Visiometer R1, R4 e R5 no grupo de dose baixa tiveram redução significativa após 3 meses de suplementação de betacaroteno. Os valores do Visiometer R1-R5 diminuíram no grupo de alta dose, mas sem significância estatística.
Fig. 3. Expressão de mRNA do procolágeno tipo I em cada grupo de dose. Os níveis de mRNA de procolágeno I foram medidos por RT-PCR em tempo real, antes e após a suplementação oral de betacaroteno.
Astaxantina
Pesquisa publicada em Nutrients analisou os efeitos da suplementação de 4mg/dia de astaxantina ao longo de 10 semanas. O estudo, duplo-cego controlado por placebo, contou com a participação de 23 japoneses saudáveis.
O grupo da astaxantina apresentou dose mínima de eritema aumentada, em comparação com o placebo. Além disso, o grupo da astaxantina teve uma menor perda de hidratação da pele na área irradiada. As condições subjetivas da pele para “melhora da pele áspera” e “textura” em áreas não irradiadas foram significativamente melhoradas pela astaxantina.
Segundo os pesquisadores, a astaxantina parece proteger contra a deterioração da pele induzida por UV e ajuda a manter a pele saudável em pessoas saudáveis.
Fig. 4. Alterações na escala visual analógica (EVA) para “melhora da pele áspera” (a) e “textura” (b) na área não irradiada, nos grupos placebo (preto) e astaxantina (vermelho).
Licopeno
Estudo randomizado, realizado na Universidade de Manchester, analisou os efeitos na pele após 12 semanas de ingestão de 16mg de licopeno (55g de molho de tomate) por dia. Participaram do estudo 20 mulheres saudáveis, com idade média de 33 anos (faixa de 21-47).
A análise dos dados destacou que o molho de tomate rico em licopeno possui propriedades protetoras significativas contra a resposta eritematosa induzida por raios ultravioleta e indicadores agudos de fotodano do tecido na pele.
Fig. 5. Radiação ultravioleta aguda (UVR) induz expressão da metaloproteinase de matriz (MMP) e isso é interrompido pela dieta com suplementação de molho de tomate. Fotomicrografias representativas da coloração de MMP-1da pele pré-suplementada na linha de base (não irradiado) e 24 h pós-UVR mostrando uma indução desta enzima.As setas destacam as células coradas positivamente.
Fig. 7. Esquema ilustrando a via oxidativa de fotodano iniciado por radiação ultravioleta (UVR) e proteção veiculada pelo licopeno. ROS: espécies reativas de oxigênio; mtDNA: DNA mitocondrial; AP-1: proteína ativadora-1; MMP: metaloproteinase de matriz; ECM: matriz extracelular.